Os votos de Bruno Menezes
No dia 18 de agosto fui ao Cartório Eleitoral de Cajazeiras a procura de dados acerca do eleitorado apto a votar no pleito de 5 de outubro, em particular, da distribuição por faixa etária, porque percebia a tendência dos jovens pelo nome de Léo Abreu. Tanto que já abordara este assunto com José Antônio, Chagas Amaro, José Anchieta e outros amigos. No Fórum, travei com um rapaz que lá trabalha o seguinte diálogo:
— Como é seu nome mesmo?
— Bruno.
— Bruno Menezes, candidato a vereador?
— Não, não, esse não vai ter nem 15 votos…
Achei um deboche mas fiz que não conhecia o outro Bruno, aliás, com quem já mantivera longos papos em torno da campanha eleitoral. Bruno se metera na luta por instâncias de Léo Abreu, interessado em incluir na chapa de vereadores da coligação Cajazeiras Melhor mais uma opção para o voto da juventude, mesmo sendo ele pouco experiente nas lides políticas, embora já demonstrasse potencial de liderança na presidência do Diretório Central dos Estudantes e, recentemente, ao assumir a chefia do diretório municipal do PC do B.
Estudante de filosofia na FAFIC, Bruno fez campanha com poucos recursos, ajudado por amigos e parentes, mas com a disposição dos que acreditam na força da mensagem renovadora junto aos de sua geração. Penso que em determinada etapa do processo eleitoral, ele começou a incomodar a coligação adversária, talvez, por focar seu trabalho numa faixa de eleitores que rejeitavam o candidato a prefeito Mário Messias Filho. Tanto é que uma simples distribuição de panfletos nas proximidades do Colégio Dom Moisés Coelho provocou a presença da Polícia Militar com seis viaturas. Isto mesmo, seis veículos, incluídos (dois camburões!), como se meia dúzia de militantes representasse perigoso atentado à democracia e às regras eleitorais, conforme pretensa denúncia feita ao juiz eleitoral… E mais, dias depois, a residência de Bruno foi submetida à vistoria judicial em cumprimento a mandado de busca e apreensão de “material ilegal”. De novo, a Justiça Eleitoral atendeu denúncia dos adversários de Léo Abreu, num claro processo de intimidação. Intimidação que, no caso do candidato Bruno Menezes, tinha o intuito de inibir a ação da militância, espontânea, generosa, entusiasta, que ajudava mais ainda aproximar a juventude cajazeirense da candidatura de Léo Abreu.
A coligação Cajazeiras Melhor não deu a esses episódios tratamento político adequado. Na melhor das hipóteses, foi tímida naquela ocasião, desprovida de visão estratégica de campanha. Deveria ter sido mais ágil, mais firme em levar aos comícios e ao guia eleitoral, no quente da repercussão dos fatos, a denúncia veemente da tentativa de intimidação policial. As ações desenvolvidas pelos estudantes eram legais, inerentes ao livre curso no processo eleitoral. Quando o comando oposicionista agiu, o fez com atraso e tibieza. Perdeu excelente oportunidade de mostrar a face truculenta dos adversários. Mesmo assim, Bruno Menezes obteve 288 sufrágios, muito além dos 15 votos que seu xará do Cartório estimara, 48 dias antes da eleição.
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