Ouro em Cajazeiras
Por José Antonio
Comenta-se que o Padre Rolim teria feito, em vida, muitos milagres, infelizmente não comprovados, mas desde o dia em que se começou a esboçar um movimento para a sua beatificação que a terra que lhe serviu de berço e também de leito eterno, vem acontecendo fatos que poderíamos colocar na relação de milagrosos e tem-se creditado ao santo padre Rolim.
Que fatos são estes? Enumeremos: enquanto a cidade de Patos se antecipava na comemoração da conquista da instalação do Curso de Medicina, no dia seguinte publicava-se que a cidade sede seria Cajazeiras; enquanto a cidade de Sousa contava como favas contadas de que seria no seu território a construção de um aeroporto regional, os filhos de Cajazeiras foram iluminados e se anteciparam ao fato e tiveram a capacidade de gerar uma situação, diante do governo do Estado, irreversível e está sendo construído em nosso município o que será o melhor aeroporto do interior da Paraíba; jamais se pensou um dia que homens da China, que moram no outro lado do mundo, aportassem em Cajazeiras para extrair do seu solo o ferro abundante das jazidas do Patamuté; e das profundezas da Bacia do Rio do Peixe, por onde passeavam dinossauros, deverá jorrar em breve muito petróleo, que também vai inundar o nosso município de benesses e serviços.
Poderíamos parar por aqui citando apenas o ferro, o aeroporto, o curso de medicina, mas o grande milagre da multiplicação vem acontecendo com as sementes plantadas pelo padre Rolim: a educação. Infelizmente ainda não temos um estudo mais preciso ou uma pesquisa de cunho cientifico para aquilatarmos o quanto este setor tem contribuído no processo evolutivo de nosso município, muito embora possamos, sem estes dados, afirmar, sem medo de errar, que ele tem sido o fator decisivo deste assombroso crescimento.
Mas o que eu gostaria de chamar a atenção de Cajazeiras é que em seu solo não existe apenas o minério de ferro. O grande e famoso educador cajazeirense e renomado professor de geografia do Colégio Salesiano Padre Rolim, Dr. Ferreira Júnior, em seu livro Corografia do Município de Cajazeiras, editado no ano de 1941, cita que o solo de Cajazeiras “é rico também em ouro, além de cristal de rocha, columbitas, mica, amianto, gesso, ocre, sílex, pedras calcareas, de onde se extrai a cal nos sitos Caieiras, Taboca e Vale Verde”.
Ouro em Cajazeiras. Seria mais um milagre do Padre Rolim? Comentando o fato com alguns amigos, com quem costumo juntar os cotovelos para falar de e sobre Cajazeiras, acreditam que paira sobre nós uma áurea que vem iluminando os nossos caminhos e que tem também nos dado mais sabedoria no encaminhamento de nossos desejos e quereres de ver esta terra num lugar de destaque no cenário econômico e político da Paraíba.
Repito: ouro em Cajazeiras. Os chineses chegaram para prospectar o ferro. Os portugueses bem que seriam bem vindos para fazer o mesmo com o ouro, como já fizeram no período colonial, só que desta vez o “quinto” seria nosso.
Por outro lado existem alguns outros amigos que quando falo sobre isto, pegam no meu braço, sacode-o e grita: “acorda Zé, tu ta sonhando!” e eu simplesmente respondo: é, quando eu escrevi um artigo há dez anos atrás defendendo a criação de um curso de medicina em Cajazeiras vocês diziam que eu estava sonhando alto demais e tava era louco. E agora?
Enquanto não retiramos do nosso solo o ouro que Dr. Ferreira Júnior disse existir, recordo as palavras do grande paraibano José Américo de Almeida, no ano de 1964, ditas solenemente na ocasião em que recebia o titulo de cidadão cajazeirense: “Cajazeiras, tendes o nome de uma árvore que chove ouro, altaneira e perfumada. Que cobre o chão com os seus frutos corados, como raios de sol. Este símbolo é vossa bandeira de grandeza e liberalidade, de vossa dimensão e de vossos sentimentos benfazejos”.
Já colhemos os frutos dourados das nossas cajazeiras nos altos de suas galhas, faltam agora as pepitas douradas das entranhas de nossas terras. É ouro, é ouro, é ouro…
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