Palavras mágicas na festa do aeroporto
Por Francisco Cartaxo
Mal começou, o novo aeroporto já tem história, iniciada com a promessa sempre lembrada na primeira página do Gazeta do Alto Piranhas. Confira: 3.582 dias. Portanto, 9 anos e 8 meses ou 476 semanas. Nesse percurso houve outras promessas e declarações de amor a Cajazeiras, feitas em entrevistas coletivas ou não, em conversas reservadas com políticos e empresários, e em gestos típicos de palanque. Como se pode deduzir, até hoje o caminho do aeroporto atravessou trilhas sinuosas, ao largo do efetivo crescimento do oeste paraibano. Mas tudo isso serviu para manter o sonho.
Um gesto, porém, fugiu a esse padrão. O desprendimento de José Maria Moreira. De quem? Daquele médico conterrâneo residente em São Paulo que, instado por um grupo de empresários a doar o terreno onde deverá ser construído o aeroporto, prontificou-se a fazê-lo. E o fez. Ponto para ele e para todos os que se empenharam em garantir um local adequado ao empreendimento. Caso contrário, outro José, o Targino Maranhão, não teria assinado, no dia 12 de junho de 2009, a ordem de serviço para o início das obras, simbolicamente, em cima do palanque armado no Vale Verde, à margem da BR 230, de frente para os Montes, (onde nasceu o poeta João Mendes da Cunha), e de costas para o sítio Prensa, outrora refúgio do primeiro Cartaxo que aportou ao Brasil.
A renovação da promessa, agora encorpada, pode ser a etapa decisiva. Ali, em meio a fogos e aplausos, não pude distinguir se a voz anunciante era de Zé ou do governador José Targino Maranhão. Compartilhei essa dúvida com o vereador que estava a meu lado no palanque e, em cima da bucha, ele disfarçou a resposta com eloqüente pergunta: dá para separar o governador, do Zé? Não, não dá. Ainda no palanque, a incerteza misturou-se ao eco da palavra de ordem ouvida horas antes na entrevista no CDL: “agora vai”.
Já na estrada, de volta para o Recife, me assaltou outra dúvida. O “agora vai” (que tanto se repete em Cajazeiras) é alusão ao novo aeroporto ou à reeleição de Zé? Ora, ora, deixa isso pra lá, confidenciei a meus botões…
Vencidas as fases das promessas, chega-se à da construção. A pressa agora muda de lado. Antes era só dos cajazeirenses, agora é de José Maranhão. Aliás, do Zé, tanto que ele mesmo fez questão de anunciar, em cima do palanque, com a planilha de investimentos na mão, que os R$ 5,5 milhões serão aplicados, separadamente, em licitações autônomas. “Para ganhar tempo”, ressaltou. Uma licitação para a pista de pouso e decolagem de 1.800 metros; outra para a estação de passageiros, outra para a iluminação noturna; além do acesso rodoviário que poderá ser construído pelo DER, que aliás já faz a terraplenagem.
Marcado pela promessa feita há 3.582 dias, o governador empenha-se em cumpri-la temendo um segundo ranço, justo na mais importante cidade governada pelo PSB, depois de João Pessoa, é claro. Por coincidência, Ricardo Coutinho é também chefe estadual do PSB, o mesmo partido do prefeito Léo Abreu. Por todas essas convergências, ressoa no extremo oeste da Paraíba, cada vez com mais intensidade, manifestação de confiança no aeroporto regional. Confiança expressa em duas palavras mágicas: “agora vai”.
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