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Radomécio Leite

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Pão ou circo?

27/01/2012 às 10h15

A política entre os antigos romanos era a do “pão e circo” para o povo. Ao longo da História os “dominadores” continuaram com a mesma atitude dos romanos. Esta política do circo para o povo vem sendo uma prática comum entre os governantes cajazeirenses há décadas. Inicialmente foi com a realização do carnaval na Praça João Pessoa, com o então famoso Trio Elétrico do empresário João Claudino, com pouca despesa para o poder público municipal. Com o passar do tempo, aos poucos, todos os encargos passaram a ser da responsabilidade da prefeitura.

Os trinta dias do Xamegão, implantado pelo prefeito da época, Antonio Vituriano de Abreu, passou a ser outro grande circo armado, à custa do dinheiro público, para a alegria do povo. Cajazeiras passava a ter dois grandes eventos, com orçamentos, talvez, incompatíveis com a realidade financeira do município: carnaval e festas juninas. O circo foi montado.
Estes dois eventos recebiam ajuda dos governos federal e estadual, mas a partir de 14 de janeiro de 2010, última data que o município pode tirar uma certidão negativa da Fazenda Federal, ficou impedido de ter o direito as verbas, oriundas do Ministério do Turismo e o governo estadual fechou o cofre para dar dinheiro para festas. Mas os nossos governantes precisavam do circo montado para a alegria do povo e o espetáculo não pode parar.

E o resultado? Tramita na justiça local processo de cobrança, de quase um milhão de reais, devido pela prefeitura de Cajazeiras, além de outra dívida, mais recente, de quase trezentos mil reais, relativo ao não pagamento das bandas que tocaram no carnaval e no Xamegão. Com este montante dava para construir dezenas de casas para o povo, ou uma creche em cada bairro da cidade ou pagar a folha de um mês do funcionalismo público. Qual a preferência do gestor? Circo para o povo, porque o espetáculo não pode parar.

Em qual dos brasis está o município de Cajazeiras? Pelos indicadores sociais: temos um dos menores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), alto índice de analfabetos (na cidade que ensinou a Paraíba a ler), a saúde pública em frangalhos: faltando médicos, centenas de cirurgias eletivas “empacadas”, ameaça de dengue, numero alarmante de hansenianos, calazar e por incrível que pareça: a tuberculose existe em Cajazeiras, mas o circo tem que funcionar, porque o espetáculo tem que continuar.

Pão ou circo para o povo? Agora é só circo! Por quê? Esta faltando o pão na mesa de muitos funcionários públicos do município, principalmente de pouco menos de cem aposentados, que não tiveram o direito de uma ceia de natal, ou mesmo de ano novo, porque os seus proventos de dezembro de 2011 ainda não foram pagos, além de outras categorias. Com apenas 20% do montante que foi transferido para pagar parte de uma banda que vai se apresentar, durante três horas, pagaria todos os aposentados. A prioridade é o circo, porque o espetáculo não pode parar.

Estes eventos têm importância para a economia do município? Seria louco quem negasse, mas os estragos feitos na popularidade da atual gestão, talvez, sejam mais devastadores que os dividendos que a realização do evento, se analisado pelo prisma da prioridade maior e mais importante que seria o pagamento em dia do funcionalismo público. Mas o circo tem que funcionar, porque o espetáculo vai continuar.

Enquanto isto, os aplausos maiores para os artistas do circo, vêm de outros artistas: os vereadores da Câmara municipal, porque o espetáculo não pode parar.

O grande filósofo, historiador e escritor francês Ernest Renan (*1823/ +1892) disse: “Para a política o homem é um meio; para a moral é um fim. A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política”. Aplausos!!
 

Radomécio Leite

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Contato: [email protected]

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