Pedras no caminho

O deputado estadual Jeová Campos (PT), tinha mais do que razão, quando falou, na Câmara Municipal, depois da excitante eleição da mesa diretora da Casa de Otacílio Jurema seguida da posse do prefeito Leó Abreu, ao se dirigir ao vereador Severino Dantas (PT), que concorreu à presidência e foi derrotado, contestando a sua fala de que não tinha perdido a eleição, porque ela tinha sido empate em cinco a cinco.

Jeová foi enfático: – Severino, nós perdemos a eleição sim! Nas entrelinhas e vendo muito a frente as conseqüências da vitória de Marcos Barros, não deixou por menos e já fez um discurso como se já estivesse num palanque montado para as eleições de 2010.

Como será este palanque da situação nas eleições de 2010? Jeová quer o radialista Adjamilton Pereira (está com um pé no PT) como seu candidato a deputado estadual, Severino Dantas (PT) e Chagas Amaro (PMDB) defendem abertamente o nome de Antonio Vituriano e os dois outros vereadores, também do PT, deverão acompanhar a decisão do prefeito Léo Abreu, que indiscutivelmente, será a de votar em seu pai.

Vituriano já mandou um recado aos pára-quedistas: “em política pode ter muita gente boa, mas tem uma fila”, além de que a “indicação não pertence a uma única pessoa, mas ao grupo que elegeu Léo prefeito”, concluiu. Além de Vituriano e Adjamilton ainda querem beliscar os votos de Cajazeiras Ricardo Barbosa e Diego Tavares. O grupo da situação em Cajazeiras vai partir com um único nome? É provável que não.

Jeová ao falar da vitória de Marcos (PSDB) sobre Severino (PT) já sabia antecipadamente que o vitorioso jamais acompanharia o seu grupo numa eleição para deputado estadual, porque Marcos é irmão uni vitelino do deputado estadual José Aldemir (DEM) e têm uma cumplicidade política muito forte. Daí muitos afirmarem que Marcos, mesmo estando “rompido” com Carlos Antonio, vai fazer oposição ao governo Léo, na Câmara Municipal.

Esta seria uma “exigência” de Zé Aldemir. Marcos se “aliando” ao governo Léo Abreu estaria cada vez mais consolidando, por tabela, a candidatura do nome do grupo, principalmente a de Vituriano, a deputado estadual.
As oposições de Cajazeiras têm dois fortes nomes para o embate eleitoral de 2010: José Aldemir e Carlos Antonio. Carlos vem mantendo um silêncio sepulcral desde o término de seu mandato sobre sua possível candidatura a deputado e alguns amigos têm defendido que é melhor manter o grupo unido e partir com o nome de José Aldemir na próxima eleição e o de Carlos para prefeito em 2012.

No meio do caminho tanto da situação como da oposição tem uma pedra que só será retirada no próximo mês de fevereiro: se Cássio continua ou não no governo. Como no momento, segundo comentários, a probabilidade é mais para Cássio, as oposições de Cajazeiras vão ter um enorme fôlego que poderá lhes dar forças para os futuros embates, caso contrário fica muito complicado tanto para 2010 como para 2012.

Em Cajazeiras, pela primeira vez, depois de uma eleição municipal, ninguém desceu ainda do palanque. É como se a campanha continuasse nas ruas. Estão ainda arraigadas no seio da sociedade diferenças muito forte entre os partidários de Leó Abreu e Carlos Antonio e que pode ainda perdurar por muito tempo. Muitas famílias e indivíduos continuam “separados” pelos “muros partidários”, iguais a canários, que em gaiolas separadas, se juntadas para o teste da futura briga, pega fogo.

Cajazeiras vive hoje um novo tempo político e as famílias precisam entender que o poder é efêmero e que os “inimigos” políticos de hoje serão os aliados de amanhã. É como diz um velho amigo: “não adianta brigar por este povo. Nós que temos vergonha na cara, perdemos muitas vezes um amigo para sempre e os políticos que chegam a vender a alma de sua mãe por um voto abraça o antigo inimigo como se fora um grande irmão”.

Mas muitas ainda são as pedras do caminho até 2010 e mais ainda até 2012.

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Radomécio Leite

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