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Damião Fernandes

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Política sem pejorativos

10/05/2016 às 10h16

Política sem pejorativos

Por Damião Fernandes

Não há educação fora as sociedades humanas e não há homem no vazio. De modo semelhante não existe política fora dos variados grupos humanos e muito menos é possível existir homem político na individualidade. O fazer político sempre deve perpassar o ego do sujeito. Daí se pensa que a política deve estar essencialmente unida à moral, porque tanto trata-se do comportamento dos indivíduos inseridos numa sociedade quanto da sua postura enquanto pessoa.

Para o homem grego, sobretudo a partir da filosofia aristotélica a política é algo que está intimamente ética, pois dois motivos: Em primeiro lugar porque o homem é um ser naturalmente político já que é na vida em sociedade que surgem os grandes conflitos e interrogações acerca do que é o Bem e o Mal. Em segundo lugar, é na vida comunitária em meio ás diversas relações sociais que esses conflitos devem ser resolvidos e ainda em tais convivências que promovam o desenvolvimento de hábitos virtuosos e um tipo de conduta condizente com a ética. Conceitualmente, a política foi tecida sob esses significados conceituais pelos grandes clássicos da filosofia antiga (Sócrates, Platão e Aristóteles).

Na modernidade, pensar a política como a ciência do bem comum e em vista da felicidade e o bem estar de todos, ainda resiste como um dos grandes desafios para o homo políticus. Tão forma de pensamento parece estar ainda no campo das utopias. Pensar a política não como um instrumento de violência de uns sobre alguns, de favorecimentos de grupos ou de classes ou até como um mecanismo de opressão e alienação das massas, ainda nos parece um utopia que pagamos o preço pelo fato de ainda apresentar-se como uma simples quimera ou contos infantis.

Na medida em que política é identificada com violência, com domínio desenfreado de uns sobre outros norteado por interesses egoístas e mesquinhos, na medida em que se tem por evidente que “todo poder corrompe e que o poder absoluto corrompe ainda mais”, que a passividade, a apatia dos indivíduos, a renúncia ao exercício da cidadania, têm sido cultivadas, nas palavras de Arendt, essa “condenação do poder” corresponde a um “desejo inarticulado das massas” e tem gerado a “fuga à impotência” (ARENDT, 2006, p.28).

Quando a política e as práticas dos seus agentes se expressam em tons pejorativos, ou seja, grosseiro, desdenhativo, difamatório, vilipendioso, desfavorável, depreciativo, ultrajante, aviltante e insultuoso é um sinal claro de que tal sociedade somente conhece o pior da política, aquela que empobrece quem a pratica, enoja quem observa e desilude a quem participa.

Uma política sem pejorativos é antes de tudo a política da humanização do próprio homem que se utiliza para convencer, mais do diálogo do que da força, mais da verdade do que da difamação.

PARA SABER MAIS
ARENDT, Hannah. O Que é Política? Trad. Reinaldo Guarany. 6.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

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Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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