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José Anchieta

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Pontes de pedra

30/01/2008 às 17h30

Conta a lenda que o sábio rei Salomão decidiu dar uma volta pelo seu reino. Ele considerava não apenas os livros a fonte única da sabedoria, mas também a vida prática.

No caminho, encontrou um menino sentado no chão, com a cabeça entre os joelhos, e chorando muito. Querendo saber o motivo de tantas lágrimas, o sábio rei sentou-se ao lado do menino e perguntou:
– Por quê choras?
O menino respondeu:
– Choro, pois tenho que fazer uma longa jornada até as montanhas para chegar ao meu irmão. Acontece que é muito longe e tenho medo do caminho!

O rei, consternado, sentindo que não podia fazer nada, limitou-se a ouvir o pranto do menino e a dar-lhe uma sacola com pão e leite, para a sua jornada. E seguiu o seu caminho.

Mais adiante, encontrou um grupo de formigas trabalhando. Perante Sua Majestade, as formigas pararam e inclinaram a cabeça, numa súdita saudação. O rei dirigiu-lhes a atenção, mas percebeu que uma delas não tinha parado. Pelo contrário, continuou a trabalhar, carregando uma pedra às costas. Quando chegou na beira do rio, jogou a pedra dentro d’água e voltou para pegar outra.

Intrigado, o rei perguntou-lhe em tom de ironia:
– Por quê carregas esta pedra e a jogas no rio?
– Quero construir uma ponte, majestade! Sei que é difícil, mas um dia irei terminá-la.

O rei incomodou-se com a impossibilidade de tal obra. Uma velha formiga, que já estava subindo pela roupa do rei, dirigiu-se ao seu ouvido e disse-lhe:
– Majestade, aquela formiga quer fazer uma ponte de pedras para chegar até o outro lado do rio.

– Por quê?, perguntou o rei.

– Trata-se de uma formiga macho que, no passado, apaixonou-se por uma formiga fêmea. Acontece que esta formiga fêmea teve que mudar-se para o outro lado do rio, com a sua família. No auge da dor e da despedida, ela disse ao amado:
– Se ao menos houvesse uma ponte, para que um dia voltássemos a nos ver!
– Não se preocupe, construirei a ponte, todos os dias, nem que seja pelo resto da minha vida, respondeu a formiga macho.

O rei Salomão, ficou edificado com o exemplo de perseverança da formiga, que, desde a sua chegada, já tinha carregado umas quatro ou cinco pedras, aumentando o tamanho de sua construção. E tomou o seu caminho de volta ao palácio.

No caminho, no mesmo lugar, reencontrou o menino, ainda sentado no chão, chorando e com o saco de pão e leite ao seu lado. Numa atitude paternal, o rei sentou-se no chão e começou a contar-lhe a estória de uma formiga que construía pontes de pedras…

Qual a nossa atitude perante as dificuldades e dúvidas da vida? Ficamos sentados no chão, chorando, com medo da distância a ser percorrida, ou carregamos pedras, para construir pontes que destruam os sofrimentos?

Pontes unem!

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

Contato: [email protected]

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

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