Por que Aguinaldo saiu do habitual e contrapôs Cícero

Por Josival Pereira – Depois de alguns meses de absoluto mutismo em relação ao movimento para formação de alianças e chapas para a disputa das eleições estaduais, o deputado Aguinaldo Ribeiro, presidente estadual do Progressistas (PP), rompeu o silêncio nesta terça-feira.
Falou para dar respostas a uma das principais lideranças de seu partido, o prefeito Cícero Lucena, que deseja ser candidato a governador, travando uma disputa interna pela indicação com o sobrinho de Aguinaldo, o vice-governador Lucas Ribeiro.
Em sua fala, o deputado Aguinaldo Ribeiro não poupou contrapontos a Cícero, que vinha elevando o nível de advertências, cobranças e ameaças veladas caso não seja ele escolhido candidato a governador. O prefeito pessoense estriba-se em pesquisas de intenção de voto, nas quais estaria liderando, e na convicção que, assim, o melhor nome para a disputa é o dele. A última cobrança de Cícero seria por respeito, com ameaça de reciprocidade.
O deputado Aguinaldo Ribeiro deu resposta tripla. Disse que sempre houve respeito a Cícero, desde o momento em que o PP foi resgata-lo para a política, em 2020;
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que respeito houve quando o PP colocou sua estrutura para eleger Cícero prefeito da Capital em duas eleições e quando ele, Daniella e o governador João Azevedo ajudam Cícero a fazer a gestão que vem fazendo na Capital. Classificou de incongruente o que chamou de aliança paralela entre Cícero e Adriano Galdino de apoio mútuo, embora ambos sejam de partidos da aliança governista, e condenou as conversas de Cícero com partidos de oposição, chegando a insinuar traição ao projeto. Fez mais, inverteu a cobrança: questionou, se no caso, não seria o PP o merecedor de respeito?
Por que o deputado Aguinaldo Ribeiro saiu de seu habitual e respondeu a Cícero com veemência?
É possível que não apenas Aguinaldo, mas também outros aliados importantes, tenham avaliado a necessidade de conter Cícero, sobretudo, pelas advertências ou cobranças de apoio quase diárias. Sendo Cícero do PP, a responsabilidade coube a Aguinaldo. A irritação seria em decorrência de não ter havido mudanças depois da reunião que teve com Cícero, em Brasília.
Faz algum sentido. Mas, na verdade, o tom da resposta de Aguinaldo exige mais. A avaliação mais abalizada talvez seja a de que ele e aliados perceberam que, enquanto Cícero estiver circulando como possível candidato a governador pela aliança governista (PSB/ Progressistas/Republicanos), a candidatura do vice-governador Lucas Ribeiro não vai crescer. Cícero seria, então, a principal trava a Lucas.
O movimento do deputado parece ter sido bem calculado. A hora de decidir seria agora. Atacada internamente por Cícero e Adriano Galdino, a candidatura de Lucas Ribeiro estaria sob grave risco.
E o que pretende Aguinaldo Ribeiro? Pelo tom de sua entrevista, quer solução rápida para o problema. O ideal seria resolver com Cícero dentro do esquema, mas ele arrisca também o rompimento. Se é caso de rompimento, a hora também seria agora. Ainda haveria tempo para possíveis reposições de peças. O próprio Aguinaldo deu a entender isso em sua entrevista.
O problema vai ficar para os próximos passos de Cícero. Se o prefeito tiver convencido da viabilidade de sua candidatura em qualquer cenário e da inviabilidade de adoção de sua postulação no PP, deverá se movimentar no sentido do rompimento, que pode se materializar na escolha de um futuro partido, por exemplo.
Uma questão crucial em todo esse imbroglio parece ser o governador João Azevedo, de quem o prefeito Cícero Lucena talvez não tenha imaginado se afastar.
Contudo, pela experiência que tem, pode-se supor que o prefeito Cícero Lucena ainda deve tentar contornar a fala de Aguinaldo, avaliando que ainda não é hora de romper ou que ainda há possibilidade de solução interna.
De qualquer forma, não há como não avaliar que a entrevista de Aguinaldo sugere muito claramente a Cícero que ou ele se acomoda dentro do PP ou largue a legenda.
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