Só milagre

Por Josival Pereira – Outro dia, como costuma ocorrer em períodos pré-eleitorais, a imprensa cajazeirense (rádios, portais de notícias e blogs) especulou sobre a possibilidade de uma grande unidade das principais forças políticas da cidade para tentar eleger um deputado federal. Uma declaração mais amena do ex-prefeito José Aldemir (PP) em relação ao deputado Chico Mendes (PSB) alimentou a especulação.
A especulação mexe com um problema sério de Cajazeiras: a incapacidade de eleger e sustentar pelo menos um deputado federal por algum tempo.
É de causar inveja o que se registra na história recente em municípios vizinhos ou da região. A cidade de Sousa elegeu dois deputados federais em 1970 e sustentou Marcondes Gadelha e Antônio Mariz por 4 mandatos seguidos e os dois ainda foram senadores. Já no longe 1966, Zé Gadelha foi eleito deputado federal. Sousa ficou, então, mais de 40 anos com representação federal ininterrupta.
O município de Patos teve Ernani Sátiro, que também foi governador, exercendo 8 mandatos de deputado federal, 6 deles seguidos, desde 1946. Edvaldo Motta exerceu 2 mandatos e o filho Hugo Motta já está no 4° mandato, sem falar que contou ainda com o concurso de Otacilio Queiroz com 1 mandato e algumas suplências.
Na região de Catolé do Rocha, antes de ser eleito governador, João Agripino foi deputado federal por 4 mandatos e senador. O filho João Agripino Maia (Neto) exerceu 1 mandado e Gervásio Filho está completando seu segundo mandato.
O médico e empresário Adauto Pereira, de Pombal, ficou 20 anos como deputado federal e Carneiro Arnaud foi eleito duas vezes para a Câmara dos Deputados.
E Cajazeiras? Nessa história mais contemporânea, Cajazeiras contou Ivan Bichara Sobreira com 1 mandato de deputado federal na década de 1950; Edme Tavares exerceu dois mandatos, sendo o primeiro na Assembleia Nacional Constituinte (1987-1999), Zé Aldemir e Zuca Moreira exerceram 1 mandato cada um, e Chico Rolim e Vituriano de Abreu cumpriram mandatos de 2 anos, saindo da suplência. Mandatos pingados, sem consolidação, sem tempo suficiente para um trabalho consistente.
O que ocorre com Cajazeiras? Falta de unidade de suas lideranças políticas. Ausência de compromisso com a cidade. Pensamento curto, cegueira política que impede de se pensar grande. Disputas radicalizadas, brigas infantis.
O deputado Edme Tavares deixou de conquistar o 3° mandato por causa de 1.984 votos, numa eleição no qual também concorreu o ex-prefeito Chico Rolim, que obteve 6.163 votos, e Efraim Morais, lá da Serra da Santa Luzia, apoiado por aliados do prefeito Epitácio Leite, conseguiu mais de 2 mil votos no município. Edme chorava essa desfeita dos correligionários a quem tanto havia servido.
O flagelo político é intestino e prejudica a cidade. Na atualidade, o ex-prefeito Zé Aldemir, que, apesar de ter uma longa em vitoriosa carreira pública, faz política na base de canelada (algumas vezes sem limite) e recebe caneladas do outro lado. Como unir agora? Seria necessário elevado nível de compromisso com a cidade e especial capacidade de indulgência. Quase um milagre.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.

Deixe seu comentário