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Damião Fernandes

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Precisamos das Utopias

09/03/2015 às 19h35

A palavra “Utopia” chega ao conhecimento do homem ocidental, graças ao escritor inglês, estadista e santo católico, Thomas Morus. Em sua obra utopia, More utilizando-se de uma fábula, retrata a possibilidade da existência de uma sociedade perfeita que se auto regula contra os males, as injustiças e a exclusão. O escritor inglês, sonha com uma sociedade onde a igualdade e a solidariedade entre os homens estão além de questões econômicas, religiosas ou étnicas. Em More, o homem é um irmão para todos. Por isso, a palavra utopia é tradicionalmente compreendida pelo senso comum como aquela ideia que só é possível pensar, mas que nunca terá existência concreta. Por causa disso, utópicos são todas aquelas pessoas que “voam na maionese”, que só pensam quimeras ou fantasias e residem o tempo todo “no mundo da lua”.

Em tempos atuais, este termo está associado tanto à um pejorativismo radical quanto a um negativismo imobilizador; como consequência dessas posturas, esvaziam-se de sentido toda e qualquer possibilidade de sonharmos com realidades que não estão no campo da possibilidade. Passamos a acreditar, que o sonho só vale a pena ser sonhado, se ele for real, ou seja, quando eu não puder realizar aquilo que idealizo, tanto a atitude do sonhador quanto o sonho em sí, são puramente inúteis. O homem e a mulher atual, não veem mais nenhum sentido em desejarem novos horizontes ou em buscarem outras possibilidades para realidades que se apresentem até então, improváveis.

Com isso, caímos na armadilha de achar que somente aqueles que vivem mergulhados ‘na pura realidade’ é serão felizes em suas escolhas. Erramos gravemente. O sonho é o primeiro degrau da possibilidade. A utopia é necessária para fazer com que saiamos do lugar estático e entremos na dinâmica do movimento do caminhar, do passo a passo de cada vez. Se não formos homens e mulheres de utopias, tornamo-nos pessoas azedas para nós mesmos e para os outros. A nossa vida, irá se resumir a uma prática da negação dos nossos sonhos pessoais e dos sonhos alheios, por pensar que não há sentido em tudo isso; tornamo-nos pessoas conformadas e acomodadas somente com aquilo que é possível. Extinguimos os sonhos e as utopias das nossas agendas.

O mundo sofre de excesso de realidade. Como luz muito intensa, a realidade clareia até à cegueira. Quem vive de muita realidade, acaba por instantes a ficar cego, pois lhe falta a beleza dos olhos que somente vem pela insistência do sonho, da poesia e da utopia. É verdade ou não é que pessoas sonhadoras e utópicas – não no sentido negativo do termo – possuem um olhar muito mais brilhoso e cativante? Por outro lado, as pessoas realistas em demasiado, expressam no olhar uma desilusão tal qual um olhar “de peixe morto”.  Realidade em excesso pode matar, enquanto que uma vida cheia de sonhos e de boas utopias nos garantem no mínimo um olhar alegre e saltitante e no máximo, uma esperança constante durante todo o trajeto da vida percorrido.

Precisamos urgentemente, ser novos produtores de utopias. O mundo carece de beleza moral e delicadeza humana, pois este homo sapiens está perdido em um interminável labirinto cretense, no qual sempre existe aquele perigo de ser engolido por um Minotauro carnívoro e cruel. Na tumultuada sociedade atual, o medo da morte violenta continua sendo tal qual um bicho de 'sete cabeças' que este homem, mostra-se frouxo ou incompetente para enfrentá-lo.

Precisamos urgentemente, de novos produtores de esperanças que encham a vida das pessoas de sensibilidade com o outro que é distinto, mas que não é ilha. As atuais nuvens de um ?egoindividuocentrismo produziram uma nova safra de Homo: 'O Homo umbigolistasis', para quem a única referência da vida e do cosmos é o seu próprio umbigo. Precisamos de pessoas que a despeito de toda e qualquer realidade dura e sofrida, corrompida e imoral, possam como lanternas vivas, indicar o caminho do bem atrás de sí. Parece utópico? em dias atuais, é bem disso que precisamos: Novas esperanças que nos salvem.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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