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José Antonio

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Qual será o nosso futuro pós-seca?

28/03/2013 às 10h50

A presidenta Dilma Rousseff, que esteve no vizinho estado de Pernambuco, no último dia 25, disse que no dia 2 de abril se reunirá com todos os governadores do Semiárido, na cidade de Fortaleza, para discutir propostas e ações para minorar os efeitos de mais uma seca, vivida pelos nordestinos.

Alguns programas do governo federal, a exemplo da Bolsa Família, da Bolsa Estiagem e da Garantia-Safra, têm evitado, a exemplo do que presenciamos no passado, os saques ao comércio e aos estoques de alimentos do governo, principalmente a merenda escolar, pelos “flagelados da seca”.

A presidenta ressaltou, em seu discurso, ao lado do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que será, com certeza, também candidato a presidente da República, em 2014, que “nessa seca não se vê o drama social da fome e nem o desespero por comida das pessoas, mas estamos assistindo algo que não conseguimos proteger ainda, que é a economia”.

Sobre esta reunião, o governador de Pernambuco, afirmou que nela deve-se mirar nas ações que deverão se realizadas, “olhando para o futuro”. Como podemos traduzir as palavras da presidenta e do governador de Pernambuco, quando um afirma que a economia deve ser protegida e outro que o foco é futuro?

O governo nunca imaginou e nem sabia o tamanho do prejuízo causado, com esta seca, para a economia de milhares de pequenos pecuaristas espalhados pelos grotões nordestinos, quando a maioria não teve a menor condição de salvar o seu rebanho bovino que definhava num campo sem pasto e em muitas localidades sem água e foram obrigados a ver, com muita tristeza, as suas vaquinhas morrendo uma a uma.

Devemos ficar de olhos e ouvidos bem abertos para as propostas que serão debatidas e encaminhadas, na reunião do próximo dia dois de abril, em Fortaleza, que tem como objetivo principal amenizar os efeitos da estiagem na nossa região.

Esperamos que este encontro não seja mais um palanque que a presidente Dilma vai montar no Ceará visando a sua reeleição, onde promessas serão feitas e nós nordestinos mais uma vez seremos enganados e ficaremos na ilusão que os nossos governantes estejam com desejo e vontade de construir as saídas para a seca e de realmente edificar ações no sentido de fazer um verdadeiro programa para recompor o nosso já pequeno rebanho, que durou décadas, muito sacrifício, muito derramamento de suor e muitas mãos calejadas para construí-lo.

Sertanejo quando vê água caindo do céu parece que ela tem o poder de fazer com que todo aquele terrível sofrimento que ele passou seja esquecido e planta a enxada no chão, joga a semente na cova, cobre-a de terra e aguarda a sua ressurreição e quando falta a chuva para fazê-la produzir o fruto, planta os joelhos no chão e ora pedindo mais chuvas e assim é a vida do sertanejo do Nordeste, que há décadas vive de promessa, da ilusão e da esperança de que um dia esse “negócio de seca” é coisa de um passado remoto.

Como será a vida do sertanejo depois desta seca?

Sobre estas questões de economia e de futuro, o Rei do Baião, o verdadeiro Lula do Nordeste, cantava: “… Enquanto a minha vaquinha / Tiver o couro e o osso / E puder com o chocalho / Pendurado no pescoço / Vou ficando por aqui / Que Deus do céu me ajude / Quem sai da terra natal / Em outro canto não para…”.

Enquanto isto vamos ficando por aqui atravessando mais uma seca e aguardando a próxima para ouvirmos mais uma vez as promessas de sempre. Amém.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

José Antonio

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Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

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