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Caliel Conrado

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Que a aprovação do piso nacional traga dignidade aos radialistas

04/11/2025 às 16h52

Imagem ilustrativa de Radialista - Gerado por IA

Por Caliel Conrado – Tomara que o Projeto de Lei da deputada Yandra Moura, que propõe um piso nacional de R$ 4.236,00 e jornada de 30 horas semanais para os radialistas, seja finalmente aprovado. Chega de romantizar uma profissão essencial à democracia, mas tratada com descaso e hipocrisia.

Muita gente ainda acredita que o radialista vive de fama e dinheiro fácil. Ledo engano. Em Cajazeiras, por exemplo, a maioria recebe apenas um salário mínimo. E, se quiser ganhar um pouco mais, precisa “botar uma pasta debaixo do braço” e sair vendendo comerciais pelas ruas. Mesmo assim, a carteira de trabalho segue assinada apenas como apresentador, mascarando a realidade de um profissional que faz de tudo dentro de uma emissora.

Enquanto isso, o Sindicato dos Radialistas da Paraíba permanece omisso e inoperante, surgindo apenas em tempos de eleição. Nenhuma atuação concreta, nenhuma defesa real da categoria.

Os donos de rádio, com raras exceções, pagam mal e exploram muito. Querem que o radialista seja uma espécie de “bucha de canhão”, usado para atacar políticos e pressionar por contratos publicitários. Eu mesmo já fui vítima dessa prática recentemente. É uma relação injusta e degradante, que transforma comunicadores em peças de um jogo mesquinho de poder. Os que se recusam a participar dessa prostituição moral são descartados sem o menor pudor — e, pior, “queimados” publicamente pelos próprios donos do poder, que não toleram independência nem dignidade.

Mas há um temor real: com a implantação do piso nacional dos radialistas, é provável que venha uma demissão em massa. Os donos de rádio, como sempre, alegarão não ter condições financeiras para pagar. É a mesma choradeira de sempre. Porém, é importante perguntar: quantos desses donos teriam capacidade de estar diariamente no ar, apresentando e produzindo um programa?

Estar à frente de um microfone não é fácil. É exposição constante, pressão psicológica, ameaças, cansaço, incentivo zero. O trabalho do radialista vai muito além do estúdio — é pauta nas ruas, é apuração em casa, é sacrifício diário. Mas, para alguns donos, isso simplesmente não existe. O esforço humano por trás da voz que informa, entretém e forma opinião é invisível aos olhos de quem lucra com ela.

Para não passar fome, muitos profissionais acabam acumulando cargos de assessoria em prefeituras, câmaras e gabinetes, tentando equilibrar dignidade e sobrevivência. Mesmo assim, ainda enfrentam ameaças e restrições por parte de patrões que não toleram independência.

A verdade é dura: a classe está acorrentada, dividida entre a necessidade de trabalhar e o medo de se posicionar. O rádio, que sempre foi a voz do povo, hoje tem seus próprios trabalhadores emudecidos pela precarização e pelo silêncio cúmplice de quem deveria defendê-los.

Está mais do que na hora de mudar isso. O piso nacional dos radialistas não é um privilégio — é justiça. É o mínimo para quem leva informação, cultura e cidadania ao ar todos os dias.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Caliel Conrado

Caliel Conrado

Caliel Conrado, natural de Cajazeiras (PB), atua na imprensa há mais de 30 anos, com ampla experiência como apresentador de rádio e TV, redator e assessor de comunicação.
Ao longo de sua trajetória, exerceu importantes funções no serviço público, entre elas diretor da sucursal do jornal A União em Cajazeiras, secretário de Comunicação e secretário de Desenvolvimento Econômico.
Na comunicação, construiu uma carreira sólida em diversas emissoras da região, como Rádio 96 FM (Barro – CE), Cidade FM 104,9, Rádio Alto Piranhas, Rádio Patamuté FM, Rádio Arapuan FM e TV/Site Diário do Sertão.
Reconhecido por sua credibilidade, profissionalismo e compromisso com a informação, Caliel Conrado é uma das vozes mais respeitadas do jornalismo sertanejo.

Contato: [email protected]

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Caliel Conrado, natural de Cajazeiras (PB), atua na imprensa há mais de 30 anos, com ampla experiência como apresentador de rádio e TV, redator e assessor de comunicação.
Ao longo de sua trajetória, exerceu importantes funções no serviço público, entre elas diretor da sucursal do jornal A União em Cajazeiras, secretário de Comunicação e secretário de Desenvolvimento Econômico.
Na comunicação, construiu uma carreira sólida em diversas emissoras da região, como Rádio 96 FM (Barro – CE), Cidade FM 104,9, Rádio Alto Piranhas, Rádio Patamuté FM, Rádio Arapuan FM e TV/Site Diário do Sertão.
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