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Edivan Rodrigues

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Queda do PIB

24/03/2009 às 23h21

Francisco Cartaxo

Em 2008 o Brasil cresceu 5,1%, um pouco menos do que os 5,7% do ano anterior. Índice elevado, sobretudo, quando comparado ao desempenho da economia brasileira nos últimos vinte anos e, mais ainda, no confronto com a média anual de 2,3% da era FHC. Anunciado junto com a taxa negativa de 3,6% do quarto trimestre, o PIB de 2008 passou em branco. Mal se fala nele. E com razão diante da queda brusca, entre outubro e dezembro, na produção de bens e serviços, refletida no surpreendente índice de menos 3,6%. Comemorar o quê, mano velho?

No número 514 deste Gazeta do Alto Piranhas, de 17 outubro, escrevi que a “crise ronda o bolso da gente, mas não se instalou de vez. Por enquanto, está na televisão, em manchetes de jornais, em longas matérias na internet e nas revistas semanais”. Então passei a explicar como tudo começara nos Estados Unidos, o enriquecimento por meio da compra de papeis, pretensamente, lastreados por imóveis. Na verdade, eram preços falsos, muito acima do valor real. A tal subprime, as famosas hipotecas de alto risco que correram o mundo em forma de títulos negociáveis no mercado.

Àquela altura, cinco meses atrás, parecia algo muito distante, mas não era. Já em 28 de novembro, voltei a falar que a crise “saiu dos Estados Unidos, ganhou o mundo rumo à Europa, ao Japão, e a outros países da Ásia, África e América Latina. Enfim, alastrou-se num planeta globalizado com transações em tempo real, no qual as corporações mandam mais do que as nações. Querem o quê? Barrá-la na fronteira nacional? Ora, faz tempo que as fronteiras nacionais sumiram, mano velho.” E descrevi a mecânica da crise. Primeiro, ela impregnou o sistema financeiro, em seguida desceu para o espaço real, numa seqüência terrível: pátios abarrotados de mercadorias, férias coletivas, licenças remuneradas, demissões seletivas, desemprego, quedas nas vendas no comércio aqui e lá fora, menos encomendas, mais desemprego, novos favores fiscais, menos arrecadação tributária, redução nos investimentos públicos.

No final do ano a danada já se instalara no Brasil, mas a gente não a enxergava com clareza porque o clima do Natal a embrulhava em presentes, adquiridos às pressas, de mistura com votos de boas festas e vinho espumante… No dia 10 de março, porém, o IBGE tirou o véu: o PIB caiu 3,6% no último trimestre de 2008. Pior ainda, há prenúncio de novo declínio neste começo de 2009, vislumbrado em números, já conhecidos, referentes às exportações, à produção industrial, ao aumento do desemprego, à queda na arrecadação de impostos. Aqui mora o perigo maior, pois reduz a capacidade de investir do setor público, o elo mais forte no combate aos efeitos da crise mundial. Ainda bem que no Brasil o Bolsa Família e outros programas sociais alargaram o mercado interno, ainda bem que há reservas em dólar e um sistema financeiro com razoável consistência. E como andam os gigantes lá fora? Disto falo depois.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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