Riqueza Desperdiçada
Por José Antonio
O município de Cajazeiras ao longo de sua história ainda não mereceu de seus governantes uma atenção mais especial para a sua agricultura, muito embora tenha, em toda a Paraíba, uma riqueza inigualável e que são poucos os municípios que possuem: água em abundância.
Ao ler os números do orçamento, que foi encaminhado pelo Poder Executivo, para a Câmara Municipal, para o ano de 2010, fiquei mais uma vez surpreendido com os poucos recursos destinados para esta área: R$1.201.350,00.
A partir do Distrito de Engenheiro Ávidos as águas do Rio Piranhas cruzam toda a região leste do município como que se oferecendo para produzir riqueza, riqueza que o município de Sousa transforma em água de coco, banana e leite e ainda as águas que sobram serpenteiam até o vizinho Estado do Rio Grande do Norte e em vários municípios ela se transforma em frutas que são exportadas para vários estados do Brasil e Europa.
Contam-se nos dedos os produtores rurais que têm suas propriedades às margens do Rio Piranhas que utilizam as suas águas para produzir frutas e legumes. Enquanto era vivo e ainda com disposição de luta o agro pecuarista Antonio Rolim foi o maior produtor, no Sitio Santa Catarina, de goiaba e banana do município e abastecia as fabricas de doce da cidade, cuja maioria absoluta das polpas que utiliza nos dias atuais é importada.
Estive no último final de semana, acompanhado de meu filho Arcanjo Neto, estudante de agronomia, participando de um Seminário sobre produção de cachaça de alambique na Paraíba, evento realizado dentro da programação do XIII Festival Brasileiro da Cachaça e da Rapadura, na cidade de Areia, localizada no Brejo Paraibano. Entre os palestrantes estava o Dr. Fernando Valadares uma das maiores autoridades na América Latina em tecnologia agroindustrial na produção de açúcar, álcool e cachaça.
Fazia parte do evento visitas aos engenhos e tive a oportunidade de conhecer aonde se fabrica uma das melhores cachaças da Paraíba, a Triunfo e foi lá que ouvi de seu proprietário, Antonio Augusto, a seguinte frase: no seu município tem um valioso rio que quem se beneficia de suas águas é o estado do Rio Grande do Norte e não tive alternativa a não ser confirmar as suas palavras.
Até a década de 60 o município de Cajazeiras possuía mais de 14 engenhos de rapadura e em alguns deles também se fabricava cachaça e as mais famosas eram de Amélio Estrela (Várzea de Roça) e Dr. Celso Matos (Carrancudo). Poucos destes engenhos sobreviveram e os que gostam de rapadura têm que se contentar com as produzidas no Cariri Cearense e nos municípios de Nazarezinho e Uiraúna.
Por que não incentivar a construção de novos engenhos e a instalação de alambiques? Por que não produzir frutas e legumes com as águas abundantes e abençoadas do Piranhas que poderão em breve ser mais abundantes ainda com a transposição do São Francisco, cujos canteiros de obras já estão no município de São José de Piranhas?
Precisamos repensar a política agrícola do município de Cajazeiras, porque poderá ser, a partir do campo, uma das saídas para geração de emprego e renda e que os nossos jovens não precisem todos os anos abandonar suas glebas para irem cortar cana em outros estados da federação.
Por que Cajazeiras não segue o exemplo da cidade de Areia e não promove seminários para discutir as saídas para um desenvolvimento sustentável também a partir da agricultura? Não deixemos que as águas armazenadas em nosso município serpenteiem pelo nosso território para produzir riquezas em outras regiões. A água é nossa e a exemplo do petróleo deveríamos cobrar royalties.
Solidônio Lacerda
O médico cajazeirense Solidônio Lacerda, residente no Rio de Janeiro, perdeu recentemente dois irmãos: Dirce Lacerda de Melo, 89 anos que residia em Fortaleza e era esposa do Dr.João Fernandes Melo (dentista) que durante muitos anos residiu em Cajazeiras e Fernando Alberto de Lacerda, ex-funcionário e diretor do Banco do Brasil, que residia em Brasília. Eram filhos do ex-prefeito Manoel Lacerda, que dos seus doze filhos, dez nasceram em Cajazeiras. A Solidônio os nossos pêsames.
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