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Luiz Adriano

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Saudades eternas, meu velho pai

27/10/2021 às 09h19 • atualizado em 27/10/2021 às 09h38

Coluna de Luiz Adriano.

Por Luiz Adriano

O dia 14 de outubro de 2021 ficará marcado para sempre na memória da nossa família. Foi exatamente nessa data que aprouve ao dono da vida requerer de volta o fôlego de vida que Ele havia dado ao meu velhinho. Meu querido pai, Antonio Pereira dos Santos, faleceu em uma unidade hospitalar de João Pessoa acometido de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que segundo a medicina, foi oriundo da maldita, nojenta, imunda, diabólica, satanista…me falta os adjetivos ruins que eu poderia caracterizar a assassina da covid-19.

Me bate a revolta e a forte lembrança daquela quinta-feira de manhã por volta das 10h quando saíamos em busca do hospital e eu perguntava: e ai seu Toinho, dormiu bem, está bem? Lembro que foram as últimas perguntas que fiz ao meu pai. Ele respondeu que sim. A revolta é ver que deixei ele no hospital acreditando que logo mais a tarde eu voltaria para buscá-lo, mas infelizmente nunca se passou pela minha cabeça que 15 dias depois eu iria encontra-lo em um outro hospital pronto para ser removido aos atos fúnebres.

Internou-se em um dia, foi para UTI no outro, e ficou intubado um dia posterior. Quinze dias depois Deus o chamou. Assim acabou no plano terrestre a história de um homem que viveu seus quase 75 anos, pois faltava 25 dias para comemorarmos essa data. Um homem que cresci vendo seu esforço, sua dedicação, suas inúmeras preocupações em colocar o pão de cada dia dentro de casa; um cidadão que, como filho e como alguém com 39 anos de idade, nunca vi falar sequer uma mentira; um caráter ilibado e carimbado pela luta do homem camponês de mãos calejadas e de um história marcada por sofrimento e muita, mas muita honestidade.

Na nossa querida e amada Cubati, desconheço algum intrigado do meu querido pai, desconheço também alguém que o tenha ficado devendo algum dinheiro, pois era daqueles que ficava sem comer, mas não ficava sem pagar.

Mas os “Virgulinos” da Quixaba, como assim somos conhecidos, não teve apenas essa grande perda, há seis meses atrás, no inicio do mês de abril, o vírus maldito também tratou de tirar a vida do nosso tio Severino, filho mais velho do meu avô, ou seja, seis meses de diferença do meu tio para o meu pai, duas perdas incomparáveis.

Enfim, fica esse pequeno relato da saudade, da lembrança… não está sendo fácil andar pelas ruas de João Pessoa sem a presença do meu velhinho ali do lado, não é nada fácil ter que se ajoelhar no banco da igreja aos domingos e não vê-lo ali orando também, não encontro mais aquela pessoa que conversava tanto comigo a respeito do presidente Bolsonaro, por quem tanto tinha estima, quem vai assistir os jogos do Flamengo comigo? E os jogos da seleção brasileira? Como vai ser agora? Não sei, só sei que tá difícil!

Nossa mãe, Rita Pereira Barbosa dos Santos, falecida em 23 de abril de 2016 e nosso pai, falecido em 14 de outubro de 2021.

Se eu pudesse escrever um pequeno bilhetinho para ele, diria: Papai, o que aconteceu nesses dias que o senhor estava aí sem a gente? Naquela quinta de tarde quando fui na UPA levar algumas roupas que Sandra (minha irmã) pediu eu queria entrar e ver o senhor, mas as regras do hospital não permitiam. Eu também quis muito entrar lá no outro hospital para ver o senhor, mas lá também não permitiram. Fui lá no domingo de manhã, 10 de outubro, porque não estava satisfeito com aquelas notícias só por telefone, mas naquela manhã a médica me deixou inteirado e disse que a sua situação não era fácil. O que queria que o senhor soubesse é que nunca desistimos do senhor. Mas poxa vida papai, ainda não acredito que nos dias posteriores o senhor iria ser acometido dessa praga desse AVC. O senhor não tem ideia da saudade que o senhor deixou, o senhor não tem ideia do quanto a gente chorou, não só na hora que soubemos, mas quando chegamos em Cubati, ali no cemitério, onde deixamos seu corpo pertinho do de mamãe que está há cinco anos. Ah, ali foi que choramos mesmo, porque nos encontramos com todos os nossos familiares, aqueles que te amavam e que te admiravam tanto, enfim papai, eu creio que em breve estaremos juntos novamente, eu te amo meu velhinho, queria muito poder te dar um abraço, mas sei que não posso. Se eu soubesse que naquela quinta-feira, dia 30 de setembro, seria a última vez que te veria, eu teria estacionado o carro e teria saído e te dado um abraço bem forte e te agradecido por tudo que fizeste por mim e por nossa família.

Fica a dor, as lembranças e essa saudade que ainda dói demais.

Meu pai ao lado dos filhos: Luiz Adriano, Maria Alexandra e Antonio Alex.

Luiz Adriano

Luiz Adriano

Radialista, Mestre de Cerimônia e graduado em Jornalismo pela Faculdade Maurício de Nassau em João Pessoa-PB

Contato: [email protected]

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Radialista, Mestre de Cerimônia e graduado em Jornalismo pela Faculdade Maurício de Nassau em João Pessoa-PB

Contato: [email protected]

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