Sesquicentenário da Paróquia de N.S.P
Por José Antonio
A igreja e o povo católico de Cajazeiras esqueceram de comemorar uma das mais importantes datas de sua história religiosa: os 150 anos de criação da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, o tricentenário ou ainda o seu sesquicentenário. A criação desta paróquia, no dia 29 de agosto de 1859 poderá ter sido o alicerce principal para a criação da Diocese de Cajazeiras no ano de 1914.
Imagine, se a partir de cada recanto desta imensa diocese, partisse uma caravana sobre a presença, ao logo deste centésimo qüinquagésimo aniversário, com fatos alusivos a esta tão importante data, o quanto teria sido belíssima a comemoração desta efeméride.
Alcançar, há 150 anos atrás, tão importante conquista, seria necessário ter predicados que justificassem a criação nos confins do interior do Nordeste brasileiro, de uma paróquia.
Mãe Aninha, “uma figura nacional”, como a denominou o Padre Eliodoro Pires, foi por excelência o fator de desenvolvimento do seu torrão natal e se tornou a grande líder do movimento para a construção de uma capelinha. E como cita em seu livro o Padre Eliodoro Pires: “chamou as escravas e começaram a fazer os tijolos. Ela mesma preparava os tijolos com as próprias mãos, cozendo-os ao forno. Pouco a pouco se fez a casinha, de uma só porta de frente, uns oito metros de comprimento por uns seis de largura”.
Mãe Aninha, antes mesmo de concluir a capelinha, introduziu ali a imagem de Nossa Senhora da Piedade e num balaio “envolveu-o com um pano (em forma de saia) de labirinto e renda, o mais bonito e rico que ela possuía e sobre o balaio transformado em trono, em cima da mesinha, depositou a imagem e começou a fazer ali9 às orações. Assim começou na primitiva igreja da fazenda de Cajazeiras o culto a Nossa Senhora”, cuja imagem ainda hoje existe sob a guarda da Diocese de Cajazeiras, se constituindo na relíquia mais preciosa da História Religiosa de Cajazeiras.
Cajazeiras deve muito a esta mulher: na história primitiva do altar-mor da capelinha, vencendo a opinião contrária de filhos e genros fez vir de Pernambuco um oficial, chamado Mestre França, para fazer um altar de talha de muito valor: vendeu parte de suas terras, mais umas economias e ainda com parte de seu gado. Infelizmente o altar não existe mais.
Os cajazeirenses devem muito a esta mulher, foi ela quem fez a igreja que é hoje a catedral de Cajazeiras. Aquela primitiva capelinha foi a alicerce perene e o grande sustentáculo da fé do povo desta terra.
Os restos mortais de Mãe Aninha estão guardados ao pé do monumento, erguido em homenagem ao seu filho, em frente do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, transladados no dia 22 de agosto de 1937. Mãe Aninha morreu (em 1854) num dia 22 de agosto, por coincidência data de nascimento de Padre Rolim.
Não tenho dúvidas que a criação da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, em 1859, que a criação de um bispado em 1914 devem ter tido a intercessão desta mulher de méritos excepcionais, de virtudes raríssimas, de beleza radiosa, sem orgulho e que adivinhou o futuro desta terra. Tudo isto nos leva a crer que as vistas divinas se voltaram e continuam se voltando para todos os nós.
Costuma-se afirmar que quase todos os grandes santos tiveram grandes mães. E padre Rolim, se tivesse nascido na Itália e feito lá o que fez aqui neste sertão árido, já estaria canonizado a muitos anos.
Em nome de Ana, de Padre Rolim e do padre José Tomaz de Albuquerque, primeiro vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, não deixem esta data passar em branco; mandemos pelo menos celebrar uma missa em ação de graças pela passagem dos 150 anos de criação do batismo oficial de Cajazeiras perante a igreja e o Império.
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