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Edivan Rodrigues

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Sinais Exteriores de Riqueza

12/08/2009 às 12h01

Por Francisco Cartaxo

Paulo Maluf apareceu na política como homem rico e da inteira confiança do poder. Ninguém prestou atenção na sua riqueza que só fez crescer. Em gente pobre ou de classe média, todavia, os sinais de riqueza vão surgindo aos poucos, em acréscimos ao patrimônio. Nunca se sabe ao certo quanto cresce. No entanto, mais cedo ou mais tarde, pitam os sinais exteriores de riqueza. Carros do ano, mal são lançados os modelos mais sofisticados. Casa nova recém construída ou comprada. Ou reformada. Até prédios inteiros. Fazenda de gado, terra e bois exibem prosperidade.

Existem muitos outros sinais que a gente não vê. Transações financeiras com cédulas em real ou dólar. Cheque deixa rastro. Lavagem de dinheiro sujo. Vez por outra, no entanto, a conta bancária incha. E as viagens? Há quem realize longas viagens de turismo, quem sabe, pagas pelos cofres públicos. Das contas no exterior, acobertadas pelo sigilo conivente em “paraísos fiscais”, a gente só toma conhecimento quando a Justiça ou o Ministério Público divulga, como fez agora com as contas da família Maluf, sob ameaça de devolver cerca de 300 milhões de reais, roubados da prefeitura de São Paulo, mais de 12 anos atrás.

Essas coisas a gente só vai saber depois, muito depois, aos poucos. Às vezes, nem vazam. Um papo no Bar do Hilário, no Pirulito, em caminhadas matinais pelas ruas e beira de estrada. Nas esquinas de Cajazeiras. E nas esquinas do mundo, que sinais de riqueza mal explicada existem em qualquer parte. Ou melhor, onde de obtém grana de origem duvidosa.

De onde vem o dinheiro? É o que muitos se perguntam. Ele ganhou sozinho a mega-sena? Não. Recebeu herança? Também não. Casou com viúva rica? Nem namorar com viúva ele namora… As atividades comerciais vão tão bem assim? Não. E as receitas de profissionais liberais dão para esbanjar desse jeito? Ninguém sabe. Mistério. A gente puxa pela memória e vai repassando as grandes fortunas, como se dizia antigamente. Anos e anos de trabalho, a família toda envolvida nas tarefas, de sol a sol, para amealhar o suficiente até alcançar um patamar a partir do qual fica mais fácil deslanchar, crescer e crescer, porque o rio corre para o mar. Sempre. Assim fala o povo. E a voz do povo é a voz de Deus, se diz desde que Adão e Eva começaram a multiplicar a espécie humana.

O povo diz também que onde há fumaça, há fogo. A fumaça, a gente enxerga, são sinais exteriores de riqueza. O fogo, porém, nunca aparece, salvo por exceção, quando estoura um escândalo ou se investiga a origem de dinheiro aplicado na formação do patrimônio pessoal, familiar, de amigos. Em particular, de amigos que cultivam laranjais em lugares inóspitos, onde nem dá frutos, mas existem torneiras abertas para as propinas, concorrências fraudulentas, empresas fantasmas, troca de favores, compra de votos. Enfim, tudo o que alimenta a corrupção. Os sinais exteriores de riqueza são a ponta do novelo. Falta investigar de verdade, pegar o fio da meada. Quem sabe, lá na frente, como fizeram neste começo de século 21 com Paulo Maluf.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

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Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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