Sobre a Alegria
A alegria em dias atuais, tem se tornado artigo de luxo para muitos de nós. Com isso, não quero dizer, que os antigos eram mais felizes ou que não tinham eles suas tristezas cotidianas. Mas, nunca se viu tantas pessoas tristes e melancólicas com em tempos progressos tecnológicos. O desejo e a busca pela felicidade tornou-se um sonho de consumo para quase uma totalidade. Até porque, esse é uma das estratégias capitalista: transformar todas as coisas em mercadorias. Até mesmo os afetos, os valores, etc.
Nos comerciais das grandes empresas sobre seus principais produtos está evidente a ideia de que alegres são aqueles que compram o que querem e o que não podem, o que precisam e o que não precisam. Feliz é quem tem poder de possuir. Em tempos atuais, o grande risco é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada (FRANSCISCO, 2013, p.4).
De acordo com o Papa Francisco, atualmente vivemos sob o risco de uma tristeza individualizada, fruto de um coração comodista e mesquinho. Do ponto de vista cultural, a sociedade produz as suas próprias alegrias como também suas próprias tristezas. Em última análise, produz seus próprios sujeitos. É a sociedade que por meio de instrumentos culturais, políticos e ideológicos diverso é responsável por criar um tipo de homem.
Este homem moderno, torna-se cada vez mais aquele homem confuso por não poder conter em suas mãos a sua própria vida que está em um movimento sempre cíclico. A vida na sua totalidade apresenta-se sempre fluída, vai nos dizer Bauman: “fluidez ou liquidez como metáforas adequadas quando queremos captar a natureza da presente fase, nova de muitas maneiras, na história da modernidade” (2001, p. 9). Nesse caso, temos um homem moderno profundamente caracterizado por uma incapacidade de não saber lhe dar com as coisas que duram, ou seja, a fluidez excessiva, gera um estado de não-identidade.
O homem confuso e enclausurado nas suas intimas questões individuais e em seus próprios interesses, dificilmente abrir-se-á para a experiência de uma alegria genuína, portanto redentora. De acordo com Francisco esse é um risco, certo e permanente, que correm também os crentes quando transformam suas vidas em cansativo balcão de reclamações ou em constante Muro das Lamentações. Tal atitude não representa a vivencia de uma vida digna e que não estará de acordo com o desígnio que Deus tem para nós.
Somos predestinados por Deus, para sermos homens e mulheres de uma alegria infindável que deve estar fundada na certeza de que “Deus amou o mundo de tal maneira que entregou o seu próprio Filho (…)”. Há uma alegria messiânica – Dada pelo Messias – que é oferecida gratuitamente a todos os homens e mulheres de todos os tempos para que seja experimentada, vivida e anunciada. O profeta Zacarias, um dos últimos profetas do Antigo Testamento, vai dizer que “O Senhor, teu Deus, está no meio de ti como poderoso salvador! Ele exulta de alegria por tua causa (…) Ele dança e grita de alegria por tua causa.
Na anunciação do Anjo Gabriel á Virgem Maria, o Senhor acha oportuno colocar como primeiras palavras nos lábios do mensageiro, a mensagem do “Alegra-te cheia de graça”; simbolizando em Maria, todo o povo escolhido; os homens e mulheres de todos os tempos.
Porque não havemos de entrar, também nós, nesta forte correnteza de alegria proposto? “Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa” (Lc 10, 21).
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