Subordinação a Pernambuco
Em meio a acusações ineptas contra Ricardo Coutinho, divulgadas em papeluchos apócrifos, trouxeram à baila um assunto sério, embora tratado de forma enviesada, na expectativa de despertar fantasmas antigos, na vã tentativa de salvar Zé Maranhão da derrota. Perderam tempo. Por quê? Porque a mensagem não bate com a realidade nem se reveste de apelo popular. Declarações de Ricardo Coutinho acerca da repercussão positiva de Suape na economia da Paraíba não eram suficientes para sustentar que ele pregasse a submissão ao Estado governado por Eduardo Campos, presidente nacional do PSB.
A acusação não pegou. Nem mesmo recheada da promessa do “porto de águas profundas”, uma idéia lançada à mídia mais do que um projeto efetivo, consistente, talvez nascido do desejo de percorrer o caminho trilhado pelo Ceará, 20 anos atrás, ao contrapor o porto de Pecém ao concorrente Suape. Mais realista, quem sabe, teria sido aprofundar os estudos em torno da integração da Paraíba às cadeias produtivas geradas a partir dos investimentos estruturadores (já realizados, em execução e previstos) no complexo industrial-portuário de Suape. Integração econômica, complementaridade, um fenômeno normal aqui e em qualquer lugar do mundo. Impossível confundi-lo, portanto, com submissão interestadual.
Integração parecida, aliás, acorreu com o pólo petroquímico de Camaçari, nos anos 1970, quando a matriz de produção de insumos derivados do petróleo, localizada no recôncavo baiano, gerou uma gama de oportunidades de negócios no setor produtivo fora da Bahia. A indústria de materiais plásticos (rígidos e flexíveis), por exemplo, tomou enorme impulso em todo o Nordeste, graças à proximidade da fonte de matéria prima, dando garantia de fornecimento, aliada à redução do custo do frete. A Paraíba não ficou fora desses benefícios. Basta lembrar fábricas instaladas, à época, em João Pessoa e Campina Grande.
O mesmo caráter integrador do pólo petroquímico da Bahia cerca as atividades do complexo portuário-industrial de Suape, variando apenas a natureza das cadeias produtivas (química, têxtil, fabricação de navios), o grau e a amplitude do processo de integração. Combine-se isso com outros investimentos de larga repercussão na economia do Nordeste, como a duplicação da BR 101, da Transnordestina, da transposição de águas do São Francisco, para se concluir que tudo isso merece ser investigado em suas conexões com a Paraíba.
Mas isso é muito pouco! E quem disse que isso é tudo? No entanto, é um bom começo. Um começo realista. Desde que se realize, sob o patrocínio da nova gestão, debate amplo, com os pés no chão, como deve ser, sempre que se tratar do futuro da Paraíba, a fim de tirá-la da margem dos fortes impulsos dados ao Nordeste no governo do presidente Lula. Agora não cabe procurar culpados. Seria “olhar pelo retrovisor”, na expressão-símbolo da campanha de Ricardo Coutinho.
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