Tempo de esperança
Por José Antonio
Nada como a esperança para confortar a alma. É bom crer que é através da esperança que realizamos os nossos sonhos e concretizamos os nossos ideais. E Cajazeiras não pode esmorecer nem deixar de acreditar que um día haveremos de ter a nossa Universidade, principalmente depois do fato de que alguns professores e estudantes da Universidade Federal da Paraíba se posicionarem contra a criação de uma Universidade no Sertão da Paraíba.
É bom, para quem não conhece a história de Cajazeiras que seja informado que no meado do século XIX esta cidade já foi uma verdadeira universidade, através de uma escola onde congregava professores do mais nível intelectual, formados pelos melhores centros educacionais do País, a exemplo do Seminário de Olinda, dentre eles podemos citar o próprio Padre Rolim, que pelo seu trabalho em prol da educação foi agraciado pelo Imperado Pedro II com as duas principais comendas do Império, fato único e singular em todo o interior nordestino até os dias de hoje.
Esta cidade tem ainda a tradição no campo da formação de professores, a exemplo do Colégio Padre Rolim, sob a direção das Irmãs Dorotéias, cujo prestigio, a partir da década de 20, transpôs as fronteiras da Paraíba ao receber alunas de vários estados do Nordeste, acontecendo ainda um fato inusitado no ano de 1931, no dia 25 de novembro, data da colação de grau de mais uma turma, em solenidade que compareceram três governadores do Nordeste: o da Paraíba Antenor Navarro, o do Rio Grande do Norte – Capitão-Tenente Hercolino Cascardo e do Ceará – o Capitão Roberto Carneiro de Mendonça. E ainda o prefeito da capital José Borja Peregrino e mais uma dezena de autoridades do estado.
Que vergonha faz de ser sertanejo. Que mácula pode ter um professor ou um jovem em produzir conhecimento e de ter um diploma expedido por uma universidade sertaneja? Os que aqui possam se envergonhar eu sugiro fazer concurso para ser professor da USP, da Universidade de Brasília ou da Federal Fluminense e aos alunos que façam vestibulares nestas mesmas universidades.
Seria preconceito? Não posso crer que da mente de um professor de uma universidade isto aconteça. Faz-me lembrar um outro fato, em 1973, quando do processo de reconhecimento dos cursos da FAFIC. Li dois pareceres. Um que afirmava não existir a mínima condição da implantação daqueles cursos, era um sulista afeito talvez a beber café às margens do Rio Sena, na França e o de um mineiro, cuja caneta o imortalizou: onde quer que se abra uma escola é uma luz que se acende. Prevaleceu o parecer do mestre de Minas.
Está aí uma única resposta aos dois; ao que acreditou e ao incrédulo. Cajazeiras tem hoje mais de cinco mil universitários matriculados em diversas unidades de ensino superior. Para que resultado melhor do que este? É tempo de esperança. É tempo de acreditar. É tempo de sonhar com a Universidade do Sertão. O tempo é o senhor da razão. E este tempo haverá de chegar um dia para honra e glória de todos nós sertanejos que não temos vergonha e muito menos medo de gritar a nossa origem.
A sociedade civil devera iniciar em breve um movimento para lutar em torno deste novo objetivo que é o da criação de uma universidade no interior da Paraíba. Neste momento não interessa qual a cidade que deverá sediá-la, ma sim, em primeiro lugar a conquista para depois a implantação. Temos que partir do principio de que não deveremos nos envergonhar de ter nascido no sertão da Paraíba, mas pelo contrário que sirva de muito orgulho.
Abaixo o preconceito, viva o sertão e sua futura universidade.
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