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Falta de saneamento em Sousa e Cajazeiras pode barrar transposição do Rio São Francisco. Confira o vídeo

Segundo especialista, esgoto pode poluir água do rio São Francisco. Parte das cidades que serão beneficiadas na Paraíba não tem saneamento.

Por Diário do Sertão

17/03/2016 às 16h03 • atualizado em 17/03/2016 às 17h38

A falta de saneamento básico nas cidades com bacias que serão beneficiadas com tranposição das águas do Rio São Francisco tem sido uma preocupação para especialistas e representantes de órgãos envolvidos com a obra. Segundo especialistas, a poluição dos rios e barragens pode contaminar a água.

Um exemplo do problema é o açude São Gonçalo, em Ssa, no Sertão paraibano, que está com apenas 2,5% da capacidade, deve receber as águas do São Francisco e a poluição pode ser um problema. O esgoto das cidades de Nazarezinho e Marizópolis são despejados no São Gonçalo que também abastece as duas cidades. No caso de Marizópolis, um sistema de tratamento de esgoto já foi criado, mas as lagoas do sistema só recebem o esgoto e não fazem o tratamento.

O açude de de Engenheiro Ávidos (Boqueirão), no município de Cajazeiras não é diferente da realidade de Sousa, pois os esgotos são despejados no principal manancial que abastece várias comunidades.

Em toda a Paraíba, das 223 cidades, 170 se beneficiarão com a transposição. As bacias receptoras passarão por 55 destas cidades e, até o momento, a maior parte delas ainda não começou a se preparar com o trabalho de saneamento básico.

“Desses 55 projetos (nas cidades que vão receber as águas do rio), nós estamos executando 11 e conveniamos mais nove com a Funasa (Fundação Nacional de Saúde). Estamos aguardando a liberação de recurso, o que totaliza 20. Desses mesmos 55 projetos, a Funasa conveniou diretamente com os municípios mais 18, o que faz com que nós tenhamos ainda 17 municípios a serem viabilizados recursos para a sua implantação”, disse o Secretário de Infraestrutura da Paraíba, João Azevedo.

Essa demora preocupa o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco. “É preciso que no estado da Paraíba as obras complementares, referentes ao tratamento dos esgotos e ao tratamento dos afluentes que serão gerados por essa água. Porque a água agora é muito preciosa e é claro que para os municípios que serão beneficiados é necessário que investimentos sejam feitos para sistemas de tratamento da água, tratamento de esgoto e tratamento para abastecimento humano”, disse o presidente do comitê, Anivaldo Miranda.

Em Monteiro, no Cariri Paraíba, cidade que está no eixo leste do projeto, as ruas não são completamente saneadas. “Infelizmente hoje a cidade só está pouco mais de 60% saneada. Então diversas águas de esgoto da casas ainda estão caindo no leito do Rio Paraíba. Outras cidades que passam (pelo rio), como Camalaú, Caraúbas e Coxixola, estão na mesma situação de Monteiro. Realmente é muito preocupante, porque é um investimento muito grande que está sendo feito e a gente ainda não está fazendo nossa parte”, disse o vice-prefeito da cidade de Monteiro, Ricardo Cajó.

De acordo com o Secretário de Infraestrutura do Estado, as prefeituras precisam honrar os compromissos feitos com a Fundação Nacional da Saúde (Funasa).

“O importante, no caso de Monteiro, é que a prefeitura, que conveniou com Funasa, comece a obra. É extremamente importante que a prefeitura tome suas providências para que evite poluição das águas que estão chegando em Monteiro, já que foi feito um convênio diretamente entre a Funasa e a prefeitura de Monteiro”, disse João Azevedo.

O presidente do Comitê da Bacia do Rio São Francisco destaca que o atraso no saneamento pode prejudicar a execução do projeto de transposição. “Se os canais forem concluídos, a obra inaugurada, mas as obras complementares nos Estados das bacias receptoras não estiverem concluídas, então evidentemente haverá um descompasso na execução desse projeto”, Avinaldo Miranda.

O Secretário de Infraestrutura da Paraíba, pensa diferente e disse que independe da situação de saneamento, as águas chegarão. “O fato de ainda esteram em execução não é impeditivo para receber as águas do São Francisco. Até porque essas águas, quando chegarem aqui, passam por tratamento antes de serem distribuídas para a população. É claro que não queremos que as cidades que estejam situadas nas bacias receptoras poluam as águas que estão chegando do São Francisco”, disse João Azevedo.

Conforme o Ministro Interino da Integração Nacional, Carlos vieira, a situação das bacias receptoras está sendo avaliada. “Todo um trabalho está sendo feito de verificação de como se encontra o estado do leito dos rios, a questão do saneamento básico dessas cidades que serão beneficiadas com a tranposição. E nós temos hoje construção de um comitê gesto nacional com a participação das companhias de saneamento desses estados, que elas, junto ao Ministério da Integração e a participação de outros Ministérios participarão dando as soluções definitivas, as questões que sejam de abastecimento”, destacou.

Água pode não ser suficiente para irrigação
A transposição das águas do Rio São Francisco pode não ser suficiente para irrigação na Paraíba, segeundo especialistas. Com mais de 3 mil quilômetros de extensão, o rio passou por maus momentos entre 2014 e 2015, quando a nascente quase secou. Mesmo existindo essa preocupação, as autoridades do Estado acreditam que esta ainda é a única saída em busca da segurança hídrica. Especialistas acreditam que um problema que pode influenciar no abastecimento é que o rio é responsável pela geração de energia elétrica de todo o Nordeste, além dos baixos níveis atingidos devido a seca nos últimos anos.

Andamento das obras
As obras de transposição das águas do Rio São Francisco na Paraíba estão 85% concluídas e devem ser entregues até o início do próximo ano, segundo o Ministério da Integração Nacional. Para o estado, estão sendo construídos dois trechos com acesso pelas cidades de Monte Horebe, no Sertão, e Monteiro, no Cariri paraibano.

DIÁRIO DO SERTÃO com G1PB

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