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VÍDEO: Mãe de jovem deficiente que morreu coberto de larvas em Uiraúna rompe o silêncio e se desespera

Com exclusividade, o programa Balanço Diário da TV Diário do Sertão mostra o drama da família do jovem deficiente José Augusto de Lima, de 22 anos, que morreu em situação deplorável com parte do corpo tomado de larvas, o que popularmente é chamado de tapuru na cidade de Uiraúna

Por José Dias Neto

18/12/2021 às 13h38

O programa Balanço Diário da TV Diário do Sertão foi até a cidade de Uiraúna, na região de Cajazeiras, para mostrar o drama da família do jovem deficiente José Augusto de Lima, de 22 anos, que morreu na madrugada da última segunda-feira (13), em situação deplorável. Em entrevista exclusiva, a dona de casa Elizélia Augusto de Lima e o padastro do jovem, Francisco Camilo da Silva relataram detalhes da doença e consequentemente morte do jovem José Augusto.

A mãe do jovem disse que ele já nasceu com a deficiência e negou ter abandonado o filho. Elizélia Augusto também afirmou que o filho nos últimos dias estava muito stressado, apesar de ser medicado diariamente.

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‘’Nunca abandonei meu filho. Ele tinha 22 anos, já nasceu deficiente. Se fosse abandono ele já teria morrido há muito mais tempo. José era muito difícil, não queria ninguém perto dele. Só eu entrava no quarto, só pra dar comida e água, nem tocar nele, ele deixava’’, disse a mãe aos prantos em entrevista a Fernando Antônio, apresentador do Balanço Diário.

José Augusto de Lima era deficiente físico e vivia acamado. (Foto: reprodução/Polícia Civil).

A dona de casa disse que não teme as acusações que recebeu após a morte do filho. Segundo ela, José Augusto não aceitava ajuda e quando ela tentou procurar as autoridades, o filho a ameaçou, com medo, ela desistiu. Agora, ela sofre com a morte do filho.

‘’Eu brigava, dizia que ia chamar as autoridades, ai ele dizia que se eu chamasse ele se jogava da cama e morria e eu como mãe ficava com medo. Por isso hoje estou nessa situação, perdi meu filho. Tô sentindo muito. A população fala mas não devo. Na noite que ele morreu, ele tava muito ofegante, muito cansado. Eu acho que o problema dele era coração e eu não tava sabendo’’, desabafou.

O QUE DIZ O PADASTRO

Francisco Camilo da Silva, padrasto de José Augusto disse que o jovem só aceitava a mãe dentro do quarto. Até quando ela saia de casa para fazer compras e ele tentava oferecer água ao jovem, ele se negava e não aceitava ajuda do padastro.

‘’Quando ele pedia água e eu entrava no quarto, ele perguntava pela mãe e eu dizia que ela tinha saído para fazer compras, ele então dizia, pode sair que eu só quero mãe aqui. Eu dizia, meu filho ela foi na rua comprar as coisas pra você, ai ele dizia que não queria saber e só queria a mãe’’, afirmou.

CORPO COBERTO DE BICHO

De acordo com o delegado da Polícia Civil de Cajazeiras, Ilamilto Simplício, o cadáver encontrava-se em cima de uma cama de péssima qualidade e parte do corpo tomado de larvas, o que popularmente é chamado de tapuru. Segundo a Polícia Civil, havia fezes no corpo do jovem, o que aponta ainda mais para um estado de abandono. A mãe explicou e disse que não percebeu debaixo do lençol porque José Augusto não deixava que ela observasse. O padrasto disse que até o banho do jovem era forçado.

‘’Ele era coberto daqui pra baixo [da cintura aos pés]. Daqui pra baixo o senhor podia cortar ele que ela não sentia. Ele não tinha tato nas pernas’’, disse a mãe. ‘’Até pra tomar um banho era luta. Era luta. Dava aquele banho nele, botava ele lá, vendo a hora ele morrer, vendo a hora ele dar um infarto. Ele passava quinze dias sem querer ninguém perto dele’’, disse.

A MORTE

Chorando desesperadamente, a dona de casa Elizélia Augusto de Lima relatou detalhes de como foi a morte do filho.

‘’Eu tô sofrendo. Quando a SAMU chegou, botou o negócio no dedinho dele, os batimentos dele tava 156 por minuto e não abaixava. Tirou a pressão tava oito por sete. Eles queriam levar ele pra Cajazeiras, como eu vi a situação dele eu disse não leve meu filho, faça a medicação aqui. Ele bebeu um remédio, estava consciente, quando foi de madrugada ele se apagou’’, disse.

O QUE DIZ A POLÍCIA

A Polícia Civil acredita que houve negligência ou omissão e que a Polícia Civil vai trabalhar em cima dessa hipótese. A linha de investigação da polícia é de que o rapaz era privado de ter uma vida normal, pelo ao menos em uma cadeira de rodas. “É inaceitável, é desumano”, enfatizou o delegado.

Segundo o delegado, o inquérito foi aberto e vai apurar não só a postura da mãe e do padrasto, mas também de familiares que sabia do caso e não denunciaram, bem como, de agentes públicos da área de saúde que tinha obrigação de passar na residência e examinar, além de outros órgãos que tinha responsabilidade quanto à situação.

DIÁRIO DO SERTÃO

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