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VÍDEO: Famílias e urubus dividem lixão de Cajazeiras para sobreviverem; músico virou catador na pandemia

Há muitos anos, o lixão de Cajazeiras é a única fonte de subsistência para muitas famílias que vivem em situação de miséria; reportagem mostra situação no local

Por Luis Fernando Mifô

25/02/2022 às 18h05 • atualizado em 25/02/2022 às 18h10

Há muitos anos, o lixão de Cajazeiras é a única fonte de sobrevivência para muitas famílias que vivem em situação de miséria. Em 2021, essa realidade foi retratada no programa Profissão Repórter, da TV Globo, e fez a Câmara de Vereadores cobrar explicações da prefeitura na época.

De lá para cá, algumas ações do município, em parceria com outras entidades, foram realizadas para melhorar as condições de trabalho dos catadores de materiais recicláveis. Porém, com relação à agressão que o lixão provoca ao meio ambiente, nada foi feito até o momento. Enquanto isso, pais e mães de família utilizam o local como fonte de subsistência.

Um caso que chamou atenção da nossa reportagem foi o do senhor José Mendes. Pelo nome, talvez poucos o conheçam. Trata-se do músico Neném do Acordeon, que foi impactado pela crise financeira da pandemia e teve que recorrer ao lixão para sobreviver. Todo dia, ele e a esposa catam materiais e restos de comida em meio aos urubus e moscas.

“Pra mim fica mais difícil ainda porque eu trabalhava na área da música, um negócio totalmente diferente. Mas com essa doença, é difícil a gente tocar um forrozinho. A gente não tem outro emprego, então o meio que tem é vir ajudar a mulher”, relatou o músico catador.


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Outra história marcante é do catador Felix Carolino, que veio da cidade de Patos tentar conseguir emprego em Cajazeiras, mas acabou indo parar no lixão, onde luta diariamente pelo sustento dele, da esposa e do filho, além do aluguel da casa.

“Cheguei aqui e não consegui emprego. A única solução que restou foi o lixão. Aqui é onde eu tiro o sustento do meu filho, pago o aluguel. Aqui só tem quem precisa, porque é um sofrimento”.

Famílias e animais no lixão de Cajazeiras

O que o município fez e pretende fazer

Em conversa com o Diário do Sertão, a secretária de Meio Ambiente de Cajazeiras, Brankinha Abreu, contou que os Ministérios Públicos vêm fiscalizando os municípios para que eles promovam a Política Nacional de Resíduos Sólidos, onde destacam-se, principalmente, duas exigências. 1ª – Encerrar os lixões a céu aberto para encaminhar os resíduos aos aterros sanitários licenciados pela SUDEMA (Superintendência de Administração do Meio Ambiente). 2ª – Providenciar sistemas de coleta seletiva para os catadores.

No caso de Cajazeiras, o município implantou um projeto de coleta seletiva que possui uma unidade de processamento de materiais recicláveis operando diariamente, dando suporte para a ASCAMARC – Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Cajazeiras. A associação recebeu nesta semana um galpão amplo e reformado, com equipamentos novos, que são fruto de uma parceria entre a Prefeitura de Cajazeiras, a Faculdade Santa Maria e o Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB).

Felix Carolino veio da cidade de Patos tentar conseguir emprego em Cajazeiras

Plano para contratar um aterro

Com relação ao lixão, Brankinha Abreu disse que a prefeitura pretende contratar um aterro sanitário licenciado, localizado em outra cidade, para enviar os resíduos que não são recicláveis. Segundo ela, o município de São João do Rio do Peixe está resolvendo as etapas ambientais necessárias para implantar um aterro que poderá ser contratado por Cajazeiras. Somente após resolver essa questão, é que o lixão poderá ser desativado e a área recuperada.

“Muito em breve nós teremos a promoção do encerramento do lixão de Cajazeiras com a contratação de um aterro sanitário licenciado pela SUDEMA. Esse de São João já tem a licença de instalação e está buscando a de operação agora. Serão os próximos passos. A medida que for feito o encerramento das atividades do lixão, com o projeto de coleta seletiva funcionando, haverá uma redução de resíduos. Serão encaminhados para esse aterro somente aquilo que não é reciclável. Se Deus quiser, o futuro será recuperar essa área degradada onde hoje é o lixão”.

DIÁRIO DO SERTÃO

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