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Criança morre na UPA de Cajazeiras, família acusa de negligência e polícia é chamada para conter a situação

Deyvison Kevin Farias Pereira, que residia no Distrito de Boqueirão, faleceu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e novamente os familiares acusam uma médica de ter sido negligente no tratamento

Por Luis Fernando Mifô

21/05/2023 às 16h34 • atualizado em 21/05/2023 às 17h05

O pequeno Deyvison Kevin Farias Pereira (Foto: Arquivo de Família)

Uma criança de 1 ano e 6 meses de idade, identificada como Deyvison Kevin Farias Pereira, que residia no Distrito de Boqueirão, em Cajazeiras, faleceu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), na manhã deste domingo (21), e novamente os familiares acusam uma médica de plantão de ter sido negligente no tratamento. O bebê foi sepultado na tarde deste domingo em Boqueirão. É o segundo óbito de criança na UPA de Cajazeiras em apenas cinco dias.

Aline Ferreira, que é tia do bebê e acompanhou de perto boa parte do processo, contou ao Diário do Sertão que Deyvison deu entrada na UPA duas vezes na madrugada deste domingo com problemas intestinais e sofrendo convulsões. A família suspeitava de infecção intestinal, mas a primeira médica não teria considerado o caso grave. Aline afirma que a causa morte alegada por outra médica que assumiu o plantão em seguida, foi infecção intestinal com convulsão febril e parada cardíaca.

Segundo Aline Ferreira, na primeira vez a criança foi liberada pela médica de plantão para voltar para casa, mesmo sob os apelos da mãe, que não queria voltar porque sabia que o caso clínico era delicado. Poucas horas depois, o estado de saúde do pequeno Deyvison se agravou e a família retornou desesperada à UPA, pois a criança estava sofrendo convulsões constantes, apresentava febre muito alta e estava ficando rocha.

Como o estado de saúde era muito grave, os familiares não quiseram esperar fazer a ficha na segunda passagem (com a mesma plantonista) e já adentraram aos corredores exigindo atendimento urgente. Apesar dos protestos da médica, o bebê foi atendido novamente sem precisar fazer ficha antes.

Aline conta que as enfermeiras colocaram a criança no oxigênio, no aparelho de medição da saturação e passaram a aplicar medicações por injeção, mas o quadro de saúde só piorava. Ela diz que o tempo todo os familiares alertavam a médica de que a saturação e os batimentos cardíacos estavam caindo muito rápido, mas a plantonista ficava apenas sentada ao computador e dando ordens para a equipe de enfermagem. A alegação que a médica deu várias vezes é que o aparelho estaria com defeito, por isso ela mandou trocá-lo. No entanto, o resultado mostrava sempre a mesma saturação, em torno de 65,7, e os batimentos em torno de 40, em queda.

“Foi uma injeção atrás da outra para baixar a febre e nada de baixar. Eu falei pra ela que a febre não estava baixando, estava piorando. Chegou lá com 38.9, foi para 40.2. E ela dizendo que não era a febre que estava aumentando, era o termômetro que estava quente porque eu tinha colocado muitas vezes. De instante em instante ele estava convulsionando. Ela pediu para a enfermeira aspirar, aí começou a sair um líquido da boca dele, uma secreção escura, e eu me desesperei”.

Polícia foi chamada

Aline relata que a médica chamou a polícia alegando que os familiares estavam atrapalhando o atendimento. Além da polícia, também chamou o marido para aguardá-la do lado de fora. Nesse momento a situação ficou bastante tensa e o marido da médica teria apontado o dedo na cara do pai da criança, segundo conta a tia.

“Depois que eu me desesperei, eles mandaram chamar a polícia dizendo que eu estava atrapalhando o procedimento. Eu estava pedindo para socorrer a criança e ela estava sentada numa cadeira mexendo num computador em vez de vir socorrer a criança. Ela estava só mandando as enfermeiras fazer os procedimentos. Ela não chegou nenhuma vez em cima da criança para poder ajudar, ela deixou a criança morrer. E quanto mais eu falava, mais ela achava ruim”, falou a tia da criança.

“Anteriormente eles já tinham dado entrada com o bebê, só que eu não presenciei, não estava. Mas eles relataram que ela [a médica] mandou o menino ir para casa, disse que o menino não estava com infecção, que estava ótimo e podia ir para casa. A mãe do bebê implorou para não voltar para Boqueirão com o menino na situação que estava. A mãe do bebê relatou que ele já estava espumando na boca. Então, já estava convulsionando anteriormente”, acrescentou.

Outro lado

O Diário do Sertão tentou contato com a assessoria da UPA, mas sem sucesso. Até o horário da publicação desta matéria, a unidade não havia emitido nenhuma nota à imprensa sobre o caso.

DIÁRIO DO SERTÃO

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