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VÍDEO: “Pensei que ia infartar quando saí de minha casa”, diz morador de sítio, após obras da transposição

O senhor José Lé, conhecido como Deca, morou no sítio Redondo por quase 40 anos e falou do sentimento de deixar sua casa para as obras da transposição do Rio São Francisco

Por Priscila Tavares

22/07/2023 às 15h11

O programa Olho Vivo da Rede Diário do Sertão, desta sexta-feira (21), foi realizado diretamente do sítio Redondo em Cachoeira dos Índios, local onde passará um ramal do Rio São Francisco.

Os moradores da região tiveram que deixar suas casas para dar lugar a transposição. O senhor José Lé, conhecido como Deca, morou no sítio Redondo por quase 40 anos e falou da tristeza que foi deixar sua casa.

“Eu fui triste. Saí desesperado, pensei que ia ter um infarto e outra, estou lá, mas o sentido é aqui. Passei quase chorando quando vi a casa. Isso não é coisa que se faça, mas está feito, agora é tocar para frente”, disse.

O radialista Marquinhos Campos, em sua participação especial no programa, destacou a importância de um suporte para a saúde mental dos moradores daquela região.

Casa de dona Priscila no sítio redondo (Foto: TVDS)

“Tem que ter apoio, porque pode gerar problemas, inclusive, psicológicos. De repente alguém começa a entrar em depressão, em ansiedade, tristeza, porque não está no lugar que gostaria”, disse Marquinhos.

Seu Deca contou ainda, que sua família e amigos saíram de suas casas magoados. Ele, que morou por quase 40 anos na região, hoje está na Fazenda Velha, zona urbana de Cachoeira dos Índios, mas ressaltou as memórias vividas naquela casa que hoje é ”só saudade”.

“Lembro da fogueira de São João, de São Pedro, de tudo. São coisas que não voltam mais, é uma coisa triste. Só lembrança”, ressaltou o morador.

OLHO VIVO

O programa Olho Vivo desta sexta-feira (21) foi transmitido ao vivo para à Rede Diário do Sertão diretamente do sítio Redondo, zona rural de Cachoeira dos Índios. Mostrando o drama das famílias que precisam deixar suas propriedades à medida que as obras avançam, o programa recebeu ao vivo o ex-prefeito Francisco Ricarte mais conhecido como Bodin (União Brasil), o radialista Marquinhos Campos, o advogado Hugo Moreira e o secretário de Cultura do município Fagner Correia que representou o prefeito Allan Seixas (sem partido).

A OBRA E O PROJETO

Na zona rural de Cachoeira dos Índios, cerca de 60 famílias tiveram que deixar seus lares para possibilitar a execução plena da obra de construção do açude Tambor, que será abastecido pelo ramal do Apodi. Ao todo, este trecho da transposição vai beneficiar cerca de 750 mil pessoas em 54 cidades do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.

O ramal do Apodi vai levar as águas do Eixo Norte a 54 municípios através da estrutura de controle do Reservatório de Caiçara, na Paraíba, até o Reservatório Angicos, no Rio Grande do Norte, em uma extensão total de 115 quilômetros. O investimento federal na obra é de cerca de R$ 1,5 bilhão.

A obra do Ramal do Apodi foi iniciada em junho de 2021, após decisão do Governo Federal de retomar as estruturas previstas no projeto original da transposição do Rio São Francisco, que incluem ainda os ramais do Agreste, em Pernambuco, já concluído, e do Salgado, no Ceará, cujas obras estão sendo licitadas. Operários seguem trabalhando na construção do reservatório Tambor, em Cachoeira dos Índios. E assim, a cada pá de terra, a cada aqueduto que se levanta, a paisagem vai se transformando.

DIÁRIO DO SERTÃO

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