header top bar

section content

Madre Aurélia, educadora por quase 50 Anos, detalha vocação, vida no Convento e o perdão ao agressor em Sousa

Há quase 50 anos como educadora, Aurélia se definiu como “afetiva por natureza”. Desde os 17 anos, ela mora no convento.

Por

19/02/2014 às 19h14

Interview da TV Diário do Sertão, em edição especial estreando de Sousa, entrevistou a freira e educadora Madre Aurélia, da Congregação Filhas de Santa Teresa de Jesus, uma das figuras mais respeitadas na área educacional e religiosa do Sertão da Paraíba.

Com quase 50 anos dedicados ao ensino e à vida religiosa em Sousa, a cearense de nascimento revelou que sua vocação precoce foi marcada por uma profunda convicção. Aos 17 anos, ao ser questionada pelo pai se a salvação era exclusiva às religiosas, Madre Aurélia respondeu com a frase que sintetiza sua missão: “Não meu pai, mas eu quero servir.”

Definindo-se como “afetiva por natureza”, a religiosa, ex-diretora do tradicional Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, relembrou os sacrifícios de sua juventude, incluindo o longo período sem visitar a família: “Naquele tempo a gente não voltava para casa. Passei 10 anos para ir visitar meus pais”.

Celibato e missão – Abordando temas da atualidade da Igreja, a freira deu sua opinião sobre a discussão do celibato para padres e religiosos. Segundo ela, embora seja uma questão de “pensar particular” e passível de decisão pelo Papa Francisco — que, em sua visão, tem uma “visão muito ampla” — o celibato é “justificável” por ser uma doação completa à Igreja, vista como “a mulher do padre”.

Madre Aurélia foi a entrevistada da TV Diário do Sertão no Interview de Sousa

O Atentado e o poder do perdão – Madre Aurélia recordou um dos episódios mais marcantes de sua vida: o atentado sofrido na cidade, onde o jovem João Neto atirou contra ela e ameaçou outra religiosa.

“Ele atirou no meu coração, mas a danada da bala virou e veio cortar o pulmão, mas fui muito bem tratada. É coisa de Deus,” declarou a religiosa, descrevendo o fato como uma providência divina.

O ápice de seu depoimento, contudo, foi o ato de perdão ao agressor. A freira declarou que não apenas perdoou o homem, como tinha pena dele:

“Eu era imbecil se não perdoasse aquele rapaz porque eu tive tanta oportunidade e ele não teve. Eu não tenho raiva, eu tenho pena.”

Madre Aurélia relatou ainda que, após a recuperação, tentou ir ao presídio falar com o jovem, mas foi aconselhada pelos guardas a não fazê-lo. João Neto morreu um dia após ter ganhado a liberdade da colônia penal de Sousa.

A religiosa concluiu a entrevista reiterando sua missão e o trabalho de voluntariado que desenvolve em núcleos populares de Sousa após deixar a direção do colégio: “Eu quero fazer o bem que eu puder fazer até o dia que Deus quiser. Nem tenho medo da morte e nem peço vida, eu quero servir.”

DIÁRIO DO SERTÃO

Recomendado pelo Google: