Madre Aurélia, educadora por quase 50 Anos, detalha vocação, vida no Convento e o perdão ao agressor em Sousa
Há quase 50 anos como educadora, Aurélia se definiu como “afetiva por natureza”. Desde os 17 anos, ela mora no convento.
Interview da TV Diário do Sertão, em edição especial estreando de Sousa, entrevistou a freira e educadora Madre Aurélia, da Congregação Filhas de Santa Teresa de Jesus, uma das figuras mais respeitadas na área educacional e religiosa do Sertão da Paraíba.
Com quase 50 anos dedicados ao ensino e à vida religiosa em Sousa, a cearense de nascimento revelou que sua vocação precoce foi marcada por uma profunda convicção. Aos 17 anos, ao ser questionada pelo pai se a salvação era exclusiva às religiosas, Madre Aurélia respondeu com a frase que sintetiza sua missão: “Não meu pai, mas eu quero servir.”
Definindo-se como “afetiva por natureza”, a religiosa, ex-diretora do tradicional Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, relembrou os sacrifícios de sua juventude, incluindo o longo período sem visitar a família: “Naquele tempo a gente não voltava para casa. Passei 10 anos para ir visitar meus pais”.
Celibato e missão – Abordando temas da atualidade da Igreja, a freira deu sua opinião sobre a discussão do celibato para padres e religiosos. Segundo ela, embora seja uma questão de “pensar particular” e passível de decisão pelo Papa Francisco — que, em sua visão, tem uma “visão muito ampla” — o celibato é “justificável” por ser uma doação completa à Igreja, vista como “a mulher do padre”.
O Atentado e o poder do perdão – Madre Aurélia recordou um dos episódios mais marcantes de sua vida: o atentado sofrido na cidade, onde o jovem João Neto atirou contra ela e ameaçou outra religiosa.
“Ele atirou no meu coração, mas a danada da bala virou e veio cortar o pulmão, mas fui muito bem tratada. É coisa de Deus,” declarou a religiosa, descrevendo o fato como uma providência divina.
O ápice de seu depoimento, contudo, foi o ato de perdão ao agressor. A freira declarou que não apenas perdoou o homem, como tinha pena dele:
“Eu era imbecil se não perdoasse aquele rapaz porque eu tive tanta oportunidade e ele não teve. Eu não tenho raiva, eu tenho pena.”
Madre Aurélia relatou ainda que, após a recuperação, tentou ir ao presídio falar com o jovem, mas foi aconselhada pelos guardas a não fazê-lo. João Neto morreu um dia após ter ganhado a liberdade da colônia penal de Sousa.
A religiosa concluiu a entrevista reiterando sua missão e o trabalho de voluntariado que desenvolve em núcleos populares de Sousa após deixar a direção do colégio: “Eu quero fazer o bem que eu puder fazer até o dia que Deus quiser. Nem tenho medo da morte e nem peço vida, eu quero servir.”
DIÁRIO DO SERTÃO
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