A alegria papal

Por Mariana Moreira – Muito já se falou sobre Francisco, o papa que nos deixou no último dia 21. Mas, para mim, o Papa Francisco será sempre lembrado por sua alegria e sua incomensurável capacidade de abertura e diálogo.
Como não se encantar com um papa que, rompendo a sisudez da função de pontífice, via graça e alegria nos encontros com os mais diversos seres humanos. Um sorriso que, muitas vezes maroto, trazia e expressava sempre a sua capacidade de ver o exercício da atividade papal não como mera obrigação imposta por sua escolha no Conclave, mas como forma de levar aos homens a mensagem do Cristo que, também feito homem, viveu entre humanos e, com eles, construiu laços e promessas de alegria, amizade e, sobretudo, esperança.
E Francisco, caminhando entre homens e mulheres, neles enxergava iguais, criaturas de Deus e, portanto, independente do credo, posição social, convicção política, todos irmãos de um mesmo solo e de um mesmo destino. Alegre, mas não ausente e omisso, Francisco a todos e de todos reclamava a atenção para as injustiças, dedicação para a superação da pobreza material e espiritual, urgência para o cuidado com o planeta Terra, oração e agradecimento para o Deus nosso e os deuses de todos pelo dom da vida e pela promessa da esperança em uma humanidade que, fragmentada por barreiras tantas, se digladia entre muros e fronteiras que isolam, apartam e, tantas vezes, matam.
Francisco também espalhou os ventos da inclusão e da renovação, abrindo as portas da igreja para tantos que, vivenciando formas e caminhos de vida, destoam de normas e regras ditas naturais e, portanto, oficialmente aceitas com verdadeiras e exclusivas. A participação de mulheres em funções administrativas do Vaticano. A aceitação dos casais em segunda núpcias como membros e partícipes da igreja. A indicação de que trans, travestis, homossexuais, gays, lésbicas são filhos e filhas do Deus Pai e Criador, abriu caminhos para a superação do preconceito, quebrou barreiras que justificavam e mantinham a exclusão, mesmo arranhando interesses e cutucando posturas conservadores e arrogantes dos que se acham senhores exclusivos da fé e da mensagem divinas.
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Inspirada em Manoel Bandeira, e usando da alegria de Francisco, o Papa, me atrevo a alterar o poema para dizer, rindo:
Francisco de todas as cores
Francisco bom
Francisco sempre de bom humor.
Imagino Francisco entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
— Entra, Francisco. Você não precisa pedir licença.
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