A moralidade das Cores: Vermelho ou Verde?
Embora a cor seja um fenômeno extremamente subjetivo, certas influências no estado psicológico das pessoas são generalizadas. Assim é possível classificar alguns significados amplamente relacionados a determinadas cores. Normalmente, quando escolhemos uma roupa, ou a cor da tinta que iremos pintar as paredes de casa, optamos pelas que mais nos agradam. Dificilmente, não pensamos nas cores como fontes de bem-estar.
Mas, as cores têm o poder de influenciar diretamente nossa conduta moral e por consequencia nossas decisões políticas. Já que, uma vez captadas pelos nossos olhos, transmitem ao cérebro impulsos e reações que são refletidas de diversas maneiras.
Segundo o pintor francês Fernand Léger a cor impõem-se como algo de necessidade vital assim como a água e o fogo, sendo sua ação não só decorativa, mas também psicológica. Nesta visão a cor é um elemento atuante no sistema relacional entre as pessoas, condicionando as pré-disposições de estado de espírito e suas percepções do espaço. Considera que todas as atividades humanas sofrem influência de três aspectos: físico, cognitivo e psíquico, e que a conjugação adequada desses fatores permite projetar ambientes seguros, confortáveis e eficientes.
A análise da influência das cores nas condições fisiológicas, cognitivas e psicológicas do individuo parece ser consensual entre os vários pensadores da estética, incluindo os da área da ergonomia, uma vez que a aplicação de cores em ambientes específicos pode influenciar, de modo expressivo, os usuários deste ambiente.
Nesse período de campanhas eleitorais para prefeitos e vereadores, em todas as quase 6.000 cidades brasileiras, assistimos esta “sacralização das cores”, quando muitas vezes esta tal “sacralização” beira mesmo o espaço do sacro, do religioso. Considerado como louco seria aquele ou aquela que vestindo uma camisa “da cor adversária”, se metesse num comício ou carreata do grupo de oposição que a estaria realizando. Em tantas cidades onde o embate político é bastante acirrado, não fica muito difícil de imaginarmos o que aconteceria. As cores exercem, no homem, uma forte ação psicológica. Que assim digam os adeptos do 14, do 25 ou do 50.
Catalogamos os indivíduos e suas escolhas como politicamente morais ou imorais, somente pela cor da peça de roupa que ela está vestindo ou pela bandeira que ela está empunhando – é importante lembrar que grande é a quantidades de mulheres e homens que tremulam bandeiras candidatos puramente por questões sócio-economicas e não por opção política. Conheço vários casos desse tipo. É bem verdade que nesse período eleitoral, uma enorme parcela da população não tem interesse em entenderem os processos em que estão inseridos. Algumas estão interessadas mesmo é no emprego que estão garantindo para sí mesmo ou para ou outros. “As cores” são assim meros instrumentos viabilizadores de conquistas pessoais e objetivas.
Se você perguntar a um desses que empunham as bandeiras vermelho ou verde, o que significa para eles significa defender tal cor, talvez a grande maioria deles não se proponham a responder. Talvez porque não lhes interessam tal entendimento ou porque simplesmente não sabem. Infelismente a alienação politica do cidadão é o prato predileto de muitos políticos corruptos e de má fé. As cores, não dizem nada para eles – nem para uns nem para outros – se não aquilo que já é obvio: Garantir a sí e aos seus “Patriotas”, benesses e vantagens individuais.
Em cajazeiras, as cores, que em sua gênese deveria estar a serviço do deslumbramento da arte e do encantamento ontológico do homem, aqui, nessa pólis, como em tantas outras, serve para a separação de interesses e a segregação de gentes. Em cajazeiras, se você sair de casa com uma camisa ou blusa vermelha ou verde, prepare-se para os olhares de alienados catalogando você como sendo adepto de candidato “X” ou candidato ‘Y”. Chega-se ao absurdo de você ter que justificar porque naquele momento você optou vestir tal camisa.
Em cajazeiras, até parece que as cores “Vermelho” e “Verde” foram inauguradas somente após do início da campanha. Um absurdo. Esse é um dos males de uma prática política enraizada em costumes e hábitos coronelistas e serviçais, onde o eleitor no processo eleitoral torna-se uma “propriedade privada” de cada candidato, podendo fazer o uso dele – de suas ideias, atitudes, moralidades, valores, religiosidade, etc… – como bem ditar a cartilha da politicagem.
Nesse período eleitoral, as cores, parece que enchem os homens de moralidade e pudor. Até a Justiça Eleitoral é condicionada por essa moralidade intransigente: cada “Cor” deve realizar seu movimento alternadamente, pois não é possível a mistura. Nesse momento as cores não podem confluírem como águas de rio, mas devem seguir separadas como águas de córrego. Separadas, as cores não nos revelam beleza, não nos encantam os olhos. Pois é a mistura, as combinações das cores que provocam em nossos olhos sedução e a fome do olhar. São justamente os tons sobre tons estabelecidos pelas múltiplas cores que nos revelam a beleza.
Mas somente após 7 de Outubro, as cores voltam a sua gênese criadora: revelar beleza pela sua confluência.
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