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Edivan Rodrigues

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Antiga luta de Cajazeiras

25/11/2012 às 23h35

O governador encaminha Mensagem à Assembleia por ocasião da abertura dos trabalhos legislativos. O presidente da República e o prefeito cumprem também a mesma obrigação legal todos os anos. Essa prática vem de longe. No Império, a Mensagem recebia a denominação de Relatório, Exposição ou Fala e não se limitava à sessão inaugural das atividades parlamentares. Havia outros pretextos e, ontem como hoje, seus autores esmeram-se em exaltar as ações que beneficiam a população, tendo o cuidado de colocar sujeiras embaixo do tapete… Mesmo assim, tais documentos são fontes de informação histórica e fornecem pistas notáveis para pesquisadores.

No tempo da Monarquia a cada mudança de governo (e eram frequentes…), o presidente da Província enviava sua prestação de contas, relatando não somente fatos administrativos, mas também abordando diferentes aspectos da vida da Província. E Cajazeiras, quando apareceu pela primeira vez numa Mensagem à Assembleia Provincial? Pesquisei e descobri: o primeiro registro está no Relatório de 1854, assinado pelo presidente João Capistrano Bandeira de Mello, que governou a Paraíba apenas oito meses! Bandeira de Mello foi deputado federal pelo Ceará em cinco legislaturas.

Cajazeiras era simples povoação do município de Sousa, o colégio do padre Rolim ainda não se tornara famoso, a feira semanal existia a menos de cinco anos. No entanto, os cajazeirenses reivindicaram ações de interesse coletivo, como informa o presidente Bandeira de Mello aos deputados provinciais em seu Relatório datado de 5 de maio de 1854:

“Representaram-me os moradores da povoação de Cajazeiras, do município da Vila de Souza, sobre a necessidade que tinha aquela Povoação d’uma escola de instrução primária. O Comissário respectivo informou a respeito e o diretor de Instrução Pública, conformando-se com o voto daquele, opinou pela criação da Cadeira requerida. Eu efetivamente a criei em virtude da faculdade concedida à Presidência pelos Estatutos.”
“Não será neste lugar fora de propósito comunicar-vos que nessa povoação existe um colégio de Instrução Superior dirigido pelo Reverendo Padre mestre Ignácio de Souza Rolim, segundo a informação do Comissário são vantajosas as circunstâncias daquele lugar onde cruzam diferentes estradas e existe um excelente açude construído pelo Padre Mestre.”

“Há no mesmo lugar uma Capela com proporções para uma Matriz, um Cemitério decente e murado, em cujo recinto existe outra Capela. A sua população e indústria estão em proporção com o progresso que fica referido. Estas circunstâncias deram a essa povoação o direito de obter com preferência a escola mencionada”.

Cajazeiras ousou lutar. Não esperou que a Câmara Municipal de Sousa tomasse a iniciativa, como ocorreu nos casos das Povoações de Boa Vista e Teixeira, reivindicadas pelos vereadores de Campina e Patos, respectivamente. Nossa estreia nas Mensagens foi positiva. Outros lugares estrearam com registros negativos: assaltos, homicídios, lutas políticas. Coisas desse tipo figuram nas Falas aos deputados provinciais no correr do Segundo Reinado. Cajazeiras entrou também nesses episódios negativos, mas o primeiro registro foi afirmativo. Afirmativo e sintonizado com a vocação educacional já esboçada, anos antes, com as aulas sábias do Padre Rolim.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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