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José Antonio

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As veias secas do sertão

12/10/2025 às 19h11

Transposição do Rio São Francisco

Por José Antônio – As obras do Canal do Apodi, que partem da Barragem da Caiçara, no município de Cajazeiras, Paraíba, vão até o Reservatório Angicos, no Rio Grande do Norte. Este canal é o Trecho IV do Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) e tem como objetivo levar as águas do São Francisco para outras regiões do estado potiguar.

Com 115 quilômetros de extensão, este ramal poderá levar segurança hídrica para 750 mil pessoas em 54 municípios dos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. A obra envolve a construção de canais, barragens, macro dutos e um túnel de mais de seis quilômetros, localizado na divisa entre a Paraíba e o Rio Grande do Norte, mais precisamente, entre os municípios de Uiraúna e Luís Gomes.

Os serviços estão em ritmo intenso e está empregando mais de mil pessoas atuando diretamente na obra, além de 600 equipamentos em operação, em especial na escavação do túnel, obra que impressiona quem a visita. Ao ser concluída vai perenizar rios e garantir o abastecimento humano, industrial e agrícola, para fortalecer o desenvolvimento humano, industrial e agrícola, além de inúmeras comunidades rurais.

O município de Cajazeiras, via outro ramal, está neste roteiro e vai ser abraçado pelos rios Piranhas, já usufruindo destas águas e o Patamuté, São José e outros riachos, alguns destes, que antes passavam a maior parte do ano com suas veias completamente secas, hoje as calhas mostram sinais de vida, vida verde, em abundância e os ribeirinhos utiliza-as para atividades agropecuárias.

As Barragens da Boa Vista, em São José de Piranhas e a de Caiçara, em Cajazeiras, têm a capacidade de acumular mais de 300 milhões de metros cúbicos de água. Então, porque não liberar esta imensidão de água para enchermos as veias dos rios de nossa região?
Na Audiência Pública, realizada no dia 23 de setembro, que debateu esta questão, principalmente a situação hídrica do Açude Engenheiro Avidos (Boqueirão de Piranhas), que tem a capacidade de 300 milhões de metros cúbicos de água e está com cerca de 67 milhões, fato que tem prejudicado os que habitam no seu entorno, foram debatidos também outros assuntos.

Estas águas estão sendo liberadas para o Rio Grande do Norte e várzeas de Sousa. Representantes da Câmara Municipal de Cajazeiras, juntamente com a prefeita do Município fizeram uma visita à Barragem de Caiçara para um estudo de avaliação para possibilitar o abastecimento de água, via leito do Rio Patamuté para beneficiar mais de 20 comunidades, que já vêm sofrendo os efeitos das faltas de chuvas neste período.

Em um mundo cada vez mais instável, ignorar os sinais não é apenas negligência: é abrir mão do futuro. É preciso ter coragem para poder antecipar o desastre, o inesperado. É preciso quebrar as barreiras das questões partidárias, de inovar o modo de operar e construir com resiliência e amor e com o profundo desejo de servir para não perdermos mais uma vez o rumo da nossa rica história. Este é o diferencial dos vencedores. Não podemos destruir nosso próprio futuro, o que precisamos é encontrar saídas não egoístas, não convenientes no presente, mas enchermos as veias do nosso município, sabendo que um futuro promissor se avizinha.

Ora, se estão levando água, só por um ramal, a uma distância de 115 quilômetros, porque não abrir uma válvula e injetar, no leito seco leito do Patamuté, a água, que é vida, que é riqueza? Os homens, os pássaros, as formigas, os pebas, os veados, os tatus, as arribaçãs, os tetéus, os urubus, as cobras e os jumentos irão agradecer eternamente.
Quanto custa não prever o futuro?


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário e Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação.

Contato: [email protected]

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Professor Universitário e Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação.

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