header top bar

Mariana Moreira

section content

História e tradição

23/08/2025 às 19h41

Coluna de Mariana Moreira

Por Mariana Moreira – Tradicionalmente, a cidade de Cajazeiras celebra o dia 22 de agosto como a efeméride de sua emancipação política. E sempre a data me traz a lembrança e a presença do querido e “esquecido” professor Antonio de Sousa. Quando iniciei minhas atividades profissionais em emissoras de rádio e sucursais de jornais, em Cajazeiras, no início da década de 1980, na proximidade desta data ele sempre me procurava. Andar tranquilo, gestos lentos e gentis, ombros curvados pela idade. Nas mãos anotações manuscritas precisas revelando pesquisa e cuidado com a história.

De forma simples, me pedia: – Mariana, vamos divulgar essas informações, pois o dia 22 de agosto é a data de nascimento do Padre Rolim, não a emancipação política do município. E reforçava: Precisamos corrigir esse erro.

Os manuscritos que ele me repassava se perderam no tempo, mas a pesquisa histórica nos revela que:

Em 29 de agosto de 1859, através da lei provincial n° 5, Cajazeiras torna-se um distrito, pertencente ao município de Sousa. Em 23 de novembro de 1863, a lei provincial nº 92, sancionada pelo governador Francisco de Araújo Lima, eleva o distrito à categoria de vila e o desmembra de Sousa, tornando-se um novo município da Paraíba (na época província da Paraíba do Norte). Em 20 de junho de 1864, ocorreu a instalação do governo municipal, que foi assumido pelo vereador e presidente da Câmara, o sacerdote e vigário paroquial José Tomaz de Albuquerque. Finalmente, em 10 de julho de 1876, através da lei provincial nº 616, a vila é elevada à condição de cidade.

Claro que, por sua projeção como sacerdote e educador, sendo um dos pioneiros na instalação de uma escola no interior do Nordeste, em início do século dezenove, o Padre Inácio de Sousa Rolim, ou o “Padre Mestre”, como sempre via meu pai o invocando, ganha dimensão e relevância histórica. A data de seu nascimento, 22 de agosto, se constitui, assim, em fato e marco de celebração. Uma data que vai ganhando fôlego e se instituindo como prática celebrativa ao longo das décadas, ganhando a dimensão de feriado municipal, com o argumento de ser a data de emancipação do município. Dia celebrado com desfiles, pronunciamentos, atos políticos e administrativos, festas populares.

E hoje, 22 de agosto de 2025, novamente a presença do velho Mestre Antonio de Sousa que, inclusive, é praticamente esquecido pela cidade e pelo município que ele tanto amou e ensinou, me chega como uma intensa necessidade de correção do erro histórico.

Podemos prosseguir com a tradição de celebrar o 22 de agosto como data festiva do município por marcar o nascimento de seu fundador. Mas, a história precisa ser corrigida sob pena de termos que agregar a tradição de ser esta a terra que ensinou a Paraíba a ler, “mas, esqueceu de aprender”.

E viva o Velho Mestre!


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Mariana Moreira

Mariana Moreira

Professora Universitária e Jornalista

Contato: [email protected]

Mariana Moreira

Mariana Moreira

Professora Universitária e Jornalista

Contato: [email protected]

Recomendado pelo Google: