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Damião Fernandes

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Homens pascoalizados

01/04/2013 às 22h03

Os tempos mudam. Os homens e as sociedades mudam e são mudados por seus valores, concepções e opiniões. E de acordo com a filosofia, a essa mudança chamamos de devir. "O devir", disse Hegel, "é a verdadeira expressão do resultado de ser e nada, como unidade destes: não é só a unidade do ser e do nada, mas é a inquietação em si”. Trazemos em nós a inquietação da intrasferível mudança.

E hoje, quais mudanças, poderíamos identificar em nossa sociedade? Eu diria que várias e em variados aspectos. Mas gostaria de trazer a reflexão um aspecto de devir que hora vivenciamos em nossa sociedade atual e que me parece de fundamental e urgente necessidade conhecê-la.

A sociedade de hoje, da pós-modernidade, vive numa profunda desvalorização do Sagrado, do Transcendente, de Deus. Vivemos numa sociedade ateísta e secular. Como disse o Papa Bento XVI, “o homem de hoje vive como se Deus não existisse”. A possível “inexistência de Deus” é o ponto de partida para o surgimento das Teorias Antropológicas pagãs ou pseudocrístãos.

O homem de hoje vive direcionado por estas ou outras ideias e sugestões, onde a verdade é estabelecida somente a partir de suas conclusões e abstrações. Não há limites para seus desejos e vontades. Tudo somente existe e ganha sentido a partir dele mesmo. Certo dia disse Protágoras: "O homem é a medida de todas as coisas". O escritor Jostein Gaarder explicou que o filósofo quis dizer que o certo e o errado, o bem e o mal sempre tinham de ser avaliados em relação à necessidade do homem.

O Mundo tem urgente necessidade de Homens novos. Homens na altura da maturidade de Cristo.Precisa-se de homens pascoalizados.

Homens novos que não se arvoreiam como sendo eles o único molde da moral ou que não postulem que todas as coisas precisem atender ás suas idéias e/ou necessidades e que morram as dos outros. A nossa sociedade precisa de novos homens e de homens novos que não ao “seu bel prazer” transformem o que é acidental em essencial ou vice versa. A sociedade necessita urgentemente de um novo “modelo” de Homem. Precisamos de novos moldes para construir o homem agonizante atual.

Ora, quem seria esse Homem com “H” que poderia ser para nós modelo? Jesus é o homem por excelência. Ele é o modelo perfeito de masculinidade, em que devem espelhar-se todos os homens. Pilatos o apresentou e, sem querer, proclamou na pessoa de Jesus o significado essencial de masculinidade, ou seja, o seu verdadeiro entendimento.

Precisamos de novos homens e de homens novos afeiçoados com Jesus. Que tragam em si muito mais que uma postura de “machão”, baseada tão somente em sua virilidade sexual ou relacionando a fé e a religiosidade á um comportamento meramente feminino, mas homens que baseiam suas vidas em desejar e decidir a cada dia parecer-se com o Homem das Escrituras, com o Homem crucificado e ressuscitado. Jesus, o verdadeiro modelo de homem Pascoalizado. Um homem novo é aquele ultrapassa os limites de seu sepulcro pessoal e consegue, por força divina, rolar a pedra que o prende á sua realidade de morte.

Precisamos de Homens Pascoalizados. Homens que tragam em suas vidas as marcas da Sacralidade e da Eternidade de Deus. Homens que não tenham medo de serem chamados de “maricas” ou de “mulhersinhas” simplesmente por terem encontrado sentido e razão definitivos para suas vidas: Jesus Cristo. A Criação geme e chora como em dores de parto esperando a manifestação dos Filhos de Deus, vai dizer o Apóstolo Paulo.

E o que seria “A Criação” que São Paulo faz referência quando escreve aos romanos se não o mundo, a sociedade, as pessoas, os nossos ambientes de trabalho, estudo, lazer e os lugares de manifestação de nossa religiosidade? Esses lugares precisam urgentemente da manifestação desses homens que passando pela Páscoa do Mestre, são mudados.

Em cada lugar onde houver um homem, a li está a intrínseca necessidade do devir, da mudança e da transformação da mentalidade do homem secular para o homem com a mentalidade do Evangelho, para a mentalidade do homem impregnado da eucaristia. Um homem consciente do valor de si mesmo e da sua vida para os outros. Um homem consciente da sua total e absoluta necessidade e dependência da Eucaristia e do Altar de Deus onde residem sua fonte existencial e eterna.

Que nestes dias, dia da Páscoa do Senhor, a nossa sociedade não necessite mais gemer e chorar como em dores parto à espera da manifestação de novos homens. Mas que hoje, pela força que emana Ressurreição do cristo que venceu a morte, sejam gerados verdadeiros homens Pascais, que erguem em seus corações um Altar de louvor e adoração.

Feliz Páscoa a Tds!
Feliz Ressurreição!


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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