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Damião Fernandes

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Lula: O Novo Herodes

25/01/2010 às 20h09

Por Damião Fernandes

Herodes, aquele que, segundo a Bíblia, ordenou a "matança dos inocentes", é como a Igreja Católica agora denomina o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, num panfleto que foi audaciosamente distribuído nesses últimos dias na cidade São Paulo contra pontos dos quais discorda no 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, lançado em dezembro pelo governo.

O Evangelista São Mateus, apresenta o rei Herodes ordenando o extermínio de todas as crianças menores de dois anos no povoado de Belém, na Judeia, para não perder seu trono àquele anunciado como o recém-nascido rei dos judeus, Jesus Cristo. Para a igreja, o "novo Herodes" autorizará o mesmo extermínio anunciando-se a favor da descriminalização do aborto. 

No panfleto, intitulado "Presente de Natal do presidente Lula", a Comissão Regional em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), contesta este e outros pontos do já polêmico plano. "Herodes mandou matar algumas dezenas de recém-nascidos (Mt 2,16). Com esse decreto, o presidente permitirá o massacre de centenas de milhares ou até de milhões de crianças no seio da mãe!" por isso a CNBB conceitua o presidente como “o Novo Herodes”. 

Seria importante aqui resaltar, que a igreja não é contra o plano em sua totalidade, mas considera que quatro deles "agridem" os direitos humanos. Além da questão do aborto, são eles: união civil entre pessoas do mesmo sexo, direito de adoção por casais homoafetivos e a proibição da ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União. 

"Não é uma campanha contra o projeto, mas alguns pontos em que acreditamos que ele agride e extrapola os direitos humanos e o direito à vida", assim se colocou em sua critica o Bispo Simão. "O que nós contestamos é a falta de sensibilidade desse decreto, que funciona como um projeto, e não ajuda em nada ao Estado Democrático de Direito em que queremos viver. Não queremos cair em outra ditadura. Esse decreto é arbitrário e antidemocrático", continua ele. 

E o que parece ainda mais absurdo, é que o presidente se defende, dizendo que não tinha conhecimento do que estava assinando. Pasmem os senhores: ele diz não ter lido um decreto de tamanha envergadura e proporção. Tudo bem que o estimado presidente, não consiga ler ao menos uma página de um livro que sua vista já cansa – como ele mesmo já afirmou -; mas não ter a preocupação de conhecer o conteudo de um decreto que vai interferir na vida milhares de cidadãos, é no minino uma falta de respeito para com a nação. E ele ainda se diz: “ O Filho do Brasil”. Que ironia!

E sobre a questão da retirada dos crucifixos, a CNBB defende que não somente os símbolos da Igreja Católica estejam presentes, como também o de outras religiões. Não queremos que retire, queremos é que se coloquem mais símbolos ainda. A igreja, em toda a sua história, sempre esteve ao lado das grandes causas que defendiam os direitos humanos e vai apoiar o governo em tudo o que for a favor da vida. Mas verdad seja dita: Esse plano tem que ser revisto sim. Pois na verdade ele privilegia a vida e sua questões morais cristãs. Infelismente o governo só reviu a questão dos militares, mas nesses quesitos não está querendo rever. Que princípios o governo quer defender com esse projeto? 

A CNBB nacional também criticou os mesmos pontos no programa, por meio de nota oficial. Mas sua assessoria de imprensa disse desconhecer a distribuição do panfleto, alegando que o regional tem autonomia para determinadas ações, que não precisam passar pelo seu crivo. A assessoria informou ainda que a CNBB nacional não irá se manifestar sobre o panfleto. 

A CNBB reafirma mais uma vez  que mantém sua posição em defesa da vida e da família, e é contrária à descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e o direito de adoção de crianças por casais homoafetivos". É  classificado de intolerante a sugestão do projeto de "impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União". É público e notório que esta atitude do presidente tem clara intenção de ignorar nossas raízes históricas. Fiquemos atentos!

A CNBB  ainda afirma, que tem em sua história a promoção e defesa dos direitos humanos por isso se mostra disposta a dialogar com o governo detalhes do programa. Mas critica "reducionismos" presentes no texto elaborado pelo Executivo.

Em sua defesa dos Direitos Humanos, a Igreja se baseia na concepção de pessoa humana que lhe advém da fé e da razão natural. Diante de tantos reducionismos que consideram apenas alguns aspectos ou dimensões do ser humano, é missão da Igreja anunciar uma antropologia integral, uma visão de pessoa humana criada à imagem e semelhança de Deus." 

Confira abaixo o planfleto acima citado:

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Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

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Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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