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Francisco Cartaxo

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Os gavibus da política brasileira

26/09/2025 às 19h14

Bruno Spada-Câmara dos Deputados

Por Francisco Frassales Cartaxo – Fui à varanda após o almoço espiar o tempo. Fiapos de nuvens não me impediam de ver dois urubus voando alto. Lindas evoluções, ora planavam em linha reta ou em inclinações à direita e à esquerda. De repente, subiram, subiram até acima de um prédio de 40 pavimentos. Será bicho morto lá em cima, me perguntei. Não. Eles não pousaram. O casal, (seria mesmo um casal?), prosseguiu seu espetáculo.

Aqui em Casa Forte é comum a presença de aves. Em bando, barulhentos periquitos e silenciosos pombos. Bem-te-vi, rolinha, sanhaçu, garça e, vez em quando, gavião solitário ou em dupla. Já presenciei um bicando pedaço de carne exposta ao sol para descongelar, a vizinha de prédio aos gritos de pavor. Vi também um casal de bem-te-vi a fustigar em voos rápidos o presunçoso gavião posto a correr, as asas subindo e descendo, o covarde!

Essa cena me levou a Cajazeiras.

Muitas vezes, meu irmão Tantino e eu, acompanhamos a disputa, torcendo pela vitória do pequeno bem-te-vi. E festejarmos como se fosse derrota o Botafogo de João Pessoa para o Atlético de Cajazeiras!

Por quê escrevo isso?

Vejo o cenário político nacional cheio de urubus e gaviões humanos. Bem distintos das aves que voam em nosso céu, mas procuram carniça e “borregos que pastam na baixada”. O urubu, pelo menos, cuida de graça, da limpeza urbana. E esses humanos? Manipulam contratos derivados de emendas parlamentares impositivas, avacalham o orçamento público com falcatruas em conluio com prefeitos. Avançam no dinheiro do povo. E ainda paralisam o andamento das pautas de debate e aprovação de projetos de lei que ajudam o povo a melhorar de vida, em deletéria chantagem contra o Brasil! Ao contrário do urubu, sujam mas farejem podridão. São arrogantes como gavião. Por isso querem imunidade para roubar sem freio e punição. E ainda anistia para golpistas.

São os gavibus da política.

O grupo dos gavibus no parlamento nacional quer destruir por dentro o Estado Democrático de Direito, reconstruído a duras penas após perseguição, prisões, tortura à margem da lei. Ninguém esquece que a ditadura manteve locais clandestinos, onde recolhiam presos políticos a fim de praticar estupro, torturas físicas, às vezes, até à morte. Cá fora no mundo real pouco se sabia, a censura rigorosa impunha o silêncio até mesmo a dom Helder Câmara. Só muitos anos depois, essa barbárie foi sendo revelada pouco a pouco.

Que contraste com o regime democrático!

Uma minoria, inconformada com a escolha de um líder popular na eleição de 2022, tentou golpear a democracia. E até ensaiaram matar três autoridades chaves na manutenção do regime de liberdade. Agora está sendo processada, julgada, punida de acordo com o devido processo legal e ampla liberdade de defesa. Vejam só, o julgamento final exibido ao vivo para mostrar ao mundo como o Brasil opera a democracia!

O urubu e o gavião que me perdoem por compará-los aos gavibus da política brasileira.

Sócio do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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