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Edivan Rodrigues

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Setores da Igreja e os guias de cegos

07/03/2021 às 18h06 • atualizado em 07/03/2021 às 18h49

Coluna de Edivan Rodrigues (Créditos da imagem: Anglican Alliance).

Por Edivan Rodrigues 

Já falei outrora sobre os “falsos cristãos”, pessoas que se dizem cristãs para aparentar santidade, sem no entanto, conhecer e, o mais importante, praticar a Palavra de Cristo. “Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos” (Mateus 24:5).

Falarei, com lamento e dor, de setores das Igrejas cristãs, que a despeito da vida, utilizam-se de estratagemas anticristãos para se manterem abertas, promovendo aglomeração, mesmo diante de uma das maiores crises sanitárias vivenciadas pelo povo de Deus, ceifadora de milhares de vida de irmãos em Cristo.

O que falta aqui: sensatez ou espírito cristão? Eu diria que falta conhecer os ensinamentos de Jesus, sua prática de vida, seu Evangelho, a Palavra. Sei que essa parte da Igreja sobredita de Cristo se revoltará com minhas palavras. Cristo também foi acolhido com revolta pela igreja secular, enraizada em tradições e não ainda no Evangelho. Jesus entra em confronto com esse grupo, os fariseus. Aliás, melhor diria se dissesse que eles, os escribas e fariseus (religiosos da época) é que partiram para atacar e não aceitar os ensinamentos de Jesus, que se defendeu mostrando seu Evangelho e anunciando o Reino de Deus. “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo” (Mateus 23:13).

Jesus Cristo e sua Graça não nos abandonará por não irmos a Igreja por um período de tempo determinado e, por necessidade humanitária. O texto não defende e não propaga contra o ato de congregar, ao contrário, entendo que a Igreja e a reunião de fiéis são importantes para o culto ao Senhor. “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mateus 18:20). Isso não somente na Igreja, mas também em casa, no trabalho, na rua, no encontro com os mais pobres e necessitados. O estar com Jesus não se resume a estar na Igreja. Cristo, por meio do Espírito Santo, está conosco todos os dias: “Eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mateus 28:20).

Ao defender e atuar para que a Igreja seja considerada serviço essencial e, portanto, permitindo a realização missas, cultos e celebrações com aglomeração de pessoas, o religioso ou líder político desdenha da Palavra de Cristo, assumindo a postura mundana e atual do negacionismo, anticientífica, comprovada pelas milhares de mortes de nossa gente (genocídio).

Sou Cristão, por isso professo minha fé e uso como fundamento da minha fala a Palavra de Deus, a Bíblia. Não há invenções, contorcionismo dialético ou uso de Fake News. Temo a Palavra do Senhor! A própria Bíblia nos adverte de que “se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro” (Apocalipse 22:19). Respeito todas as religiões e mesmo a opinião de quem não professa nenhuma religião ou fé. Jesus também o fazia. “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor” (João 10:16).

Orar faz bem, não tenha dúvida. Busque o Senhor enquanto é tempo. “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Isaías 55:6). No entanto, não nos esqueçamos que embora a Igreja/Templo/Sinagoga seja importante para o congregação, vivenciamos o tempo da Graça e não da Lei. “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Romanos 6:14); vivenciamos a salvação por intercessão de Jesus e não pela expiação dos pecados no templo. O véu do Templo escondia o lugar em que a presença de Deus se revelava mais intensamente (Hebreus 9:3-8), apontava para a impossibilidade do homem se aproximar do Senhor. Somente o Sumo Sacerdote, e apenas uma vez por ano, tinha permissão de ir além do véu e entrar no Santo dos Santos. Ao se entregar como Cordeiro de Deus, Cristo foi imolado e tornou-se o nosso sacrifício eterno (Hebreus 6:19,20).

O sacrifício de Cristo nos trouxe a cisão dessa obrigatoriedade(Lei) de intermediários com Deus, passando Ele a ser nosso intercessor mediante a Graça. “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hebreus 10:19,20). Rasgou-se nesse momento o véu do templo “Eis que o véu do Santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo” (Mateus 27:51), nos dando acesso direto a Deus, por meio de Cristo.

A Glória de Deus (Shekinah), que antes só estava presente no Templo, hoje habita em nós através do Espírito Santo. Somos templo do Espírito Santo. “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? (1 Coríntios 6:19).

Não se trata de uma exortação para não ir Igreja, contra a congregação. Trata-se da explicação bíblica de que não necessitamos de intermediários entre nossa oração e Deus. Não há estímulo a não ir ao culto, a não ir à missa. Ao contrário, defendo que os Cristãos congreguem, irmanem-se e se instruam sobre a Palavra. Jesus ia ao Templo, congregava nas sinagogas. “E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mateus 4:23).

Quando puderes, vá a Igreja, por enquanto fica em casa, em nome de Jesus!

Enquanto não passa (e vai passar) esse mal que nos assola, faz tuas orações e intercessões no teu reservado, como pediu o próprio Jesus: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mateus 6:6).

Os seguidores de Cristo são chamados para amar o próximo como a si mesmos, então o sofrimento de pessoas, acometidas por doenças e até a morte, deve importar muito mais que um culto, uma missa, uma atividade religiosa. A vida, dom eterno de Deus, deve ser privilegiada, deve ser defendida, deve ser prioridade. “O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (Marcos 12:29-31).

Amar ao próximo significa amar a Deus, e, Deus é vida. A vida do outro importa. Portanto, meu amor ao próximo – mandamento – passa por respeitar os protocolos sanitários de proteção à vida. Do contrário, uso a Palavra de Deus em vão, apenas para justificar meus interesses, em outras palavras, não a cumpro.

Ouçamos e cumpramos, portanto, as determinações das autoridades civis e científicas, conhecedoras do momento nevrálgico e caótico que vivenciamos. Cumpramos a Palavra, que nos exorta: “Cada um se submeta às autoridades constituídas, pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram estabelecidas por Ele” (Romanos, 13:1-3).

Tenhamos cuidado com os falsos profetas e as lideranças cegas, que nos conduzem à morte. A liderança, quando verdadeiramente líder, conduz seu povo para salvação, não para a morte. A liderança que opta pela não preservação da saúde, da segurança e da boa instrução de seu povo não é uma boa liderança. Aliás, de líder não pode ser chamado; trata-se apenas de instrumento de manobra dos verdadeiros líderes – aqueles que servem a “Mamom” (dinheiro).

Desconfie daqueles líderes que, ao invés de lhe conduzir para o caminho da vida, conduz – como cegos – ao caminho da morte. “Deixai-os; são cegos condutores de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova” (Mateus 15:14).

Perscrutem em seu coração quais serão os interesses desses líderes em manter suas igrejas abertas, mesmo diante de evidências e alertas da ciência sobre o risco de contágio e, consequente morte pelo Covid-19. “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Mamom [Dinheiro]” (Mateus 6:24).

Por fim, um último apelo. Antes de transformar os que defendem o fechamento momentâneo das igrejas em anátemas, reflita sobre a Palavra de Deus; busque a verdade no Verbo da Vida: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14:6); conheça a verdade, e a verdade vos libertará (João 8:32) de pré-conceitos, muitas vezes não refletidos; de amarras religiosas farisaicas, quem não refletem a mensagem de amor de Jesus. Talvez, após essa reflexão, se possa entender que quando lhe convém, até o diabo pode citar as escrituras, conforme alertava Shakespeare, em ‘O Mercador de Veneza’.

Por Edivan Rodrigues Alexandre, Cristão!

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

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Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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