Igreja e feirantes não concordam com Sousa Folia

Existente há 11 anos, o Sousafolia – Carnaval fora de época da cidade de Sousa – poderá ter a edição de 2010 prejudicada por impedimento de moradores, feirantes e a Igreja Nossa Senhora Santana. É que o local destinado pela Prefeitura atrapalha a Feira Livre do Bairro da Estação, moradores e as celebrações religiosas que ocorrem a poucos metros do local da festa.

Nesta segunda-feira (26), o padre José Mangueira Rolim emitiu um comunicado a imprensa e a comunidade católica da paróquia, ratificando a posição de não permitir eventos de grande porte no local reservado aos feirantes que há mais de quatro décadas exercem seus trabalhos. “O desrespeito ao sossego dos moradores, do direito dos feirantes e trabalhadores da Estação, ao culto religioso dessa paróquia e o desrespeito as Leis, são algumas de nossa objeção”, diz o líder religioso.

A finalidade da Igreja e dos feirantes não se restringe apenas ao Sousafolia. De acordo com Bel Guedes, moradora do bairro há trinta anos, demais eventos previamente anunciados pela Prefeitura de Sousa correm o risco de não serem realizados. “O Forró Fest, o São João e outros que tragam poluição sonora não devem acontecer”, diz Guedes.

Uma comissão formada por integrantes da sociedade e da Igreja e que conta com o apoio da ONG Via Sertaneja, estuda o ingresso de uma ação civil pública para impedir a festa no Bairro da Estação. A Sudema e a Transnordestina também podem ser acionadas. “Como é que eles vão botar um trio elétrico sob os trilhos do trem que passa a noite e de madrugada. Como os feirantes poderão armar suas barracas diante uma multidão de foliões?”, questiona Fernando Perisse, coordenador da ONG.

Já o padre Paulo Henriques da Fonseca revela que a decisão da Igreja não é impedir a realização dos eventos. “Não podemos permitir que seja realizada aqui na porta da nossa igreja e no ponto dos feirantes, que são pais de família e precisam da renda para garantir o sustento. O sensato é que outro local seja encontrado. Além do mais, o barulho dos trios elétricos e das bandas musicais perturba o sossego das pessoas, especialmente os idosos e as crianças”, disse o padre em entrevista a uma rádio local.

Outro lado
O advogado João Hélio Lopes, defensor da empresa Estação 10 Produções, responsável pelo Sousafolia, informou que está tranqüilo diante dos fatos. Ele defende que o local é o ideal, pois facilita o acesso das pessoas de qualquer parte da cidade.

Em seu entendimento, a coordenação do Carnaval fora de época se antecedeu em procurar a Prefeitura e o Ministério Público para discutir a viabilidade da festa. “Também estamos conversando com os feirantes, os moradores e a Igreja para de forma pacifica contarmos com mais um Sousafolia”, disse.

Entendimento
O Secretário de Planejamento da Prefeitura, Rodrigo Gurgel, disse que após várias reuniões com a comunidade católica, os moradores e os trabalhadores da feira, espera que haja um entendimento no sentido de permitir a organização do Sousafolia e outros eventos agendados para a Praça da Estação. “Espero consenso em outras reuniões entre todos os envolvidos perante o Ministério Público”, ponderou.

Ele defende que os acontecimentos trazem benefícios a população como geração de emprego e renda. Para Rodrigo, o local é o mais apropriado devido a localização geográfica e a amplitude para circulação das pessoas, além da instalação de toda estrutura. “A Prefeitura implantou o asfalto e agora está dotando o lugar de calçamento, depois contemplaremos os moradores com atrações culturais”, finalizou.

Prefeito
Já o prefeito Fábio Tyrone Braga (PTB) afirmou que o Município de forma previa tomou os devidos cuidados em ouvir os moradores para definir o lugar como a nova Praça de Eventos da cidade, inclusive colhendo assinaturas. “Todos foram favoráveis a idéia”, conta.

Segundo o prefeito, o Bairro da Estação será revitalizado. Tyrone garantiu que as ruas estão sendo pavimentadas e saneadas, esgotos estão sendo feitos e um novo calçadão será construído. Os planos do gestor prevêem ainda a recuperação dos prédios da Refesa e além do São João, a implantação do projeto Estação das Artes.

Politicagem
Na opinião do prefeito, a contenda está partindo para o lado político. “Infelizmente, Sousa ainda por completo não desceu do palanque. Algumas pessoas querem fazer politicagem com isso”, afirmou.

MP
O Ministério Público da comarca de Sousa está aguardando o posicionamento das partes envolvidas na realização do evento para tomar qualquer decisão. Dr. Valfredo Teixeira afirmou que só poderá se posicionar após o recebimento de laudos como da Sudema, Corpo de Bombeiros e outras inspeções.

LEVI DANTAS
Diário do Sertão

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