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Candidato a prefeito de CZ derrotado nas urnas diz: "Foi um aprendizado"

O candidato agradeceu aos eleitores e justificou seu insussesso na campanha a falta de ¨grandes empresários¨.

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08/10/2012 às 14h50

O candidato a prefeito de Cajazeiras, Gildemar Pontes (PSOL), agradeceu os 702 votos, que representou 2,08% dos eleitorado do município e definiu a campanha como um aaprendizado do povo..

O candidato do PSOL agradeceu aos eleitores e justificou seu insussesso na campanha pela falta de "militância e de grandes empresários", que são os financiadores da cidade.

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Aos que acreditaram na nossa proposta para Prefeitura agradeço com a sinceridade de um coração valente. Foram condições desiguais de disputa. De um lado, duas candidaturas com estruturas de poder ligadas, uma ao estado, outra à prefeitura. E a minha que era de um partido sem recursos, sem militância e sem apoio de grandes empresários.

Tivemos alguns amigos que nos permitiram sonhar juntos, alguns incentivadores que trouxeram esperança de que somos poucos, mas não estamos sozinhos. Uma eleição representa uma responsabilidade para o futuro, nela assumimos o compromisso das mudanças que queremos. A vontade da maioria deverá sempre ser respeitada pelos demais. Se houve e há divergências profundas na forma de conduzir a política, as ideias de mundo e o sentimento do povo, consideremos que estamos num processo de aprendizagem. Poderemos demorar a chegar no ideal, a nossa própria vida é feita de perdas e ganhos. Parabéns aos vencedores. Parabéns aos perdedores. Se, ao longo da jornada houver decepção, a culpa é de todos. Se houver glória, a vitória também será de todos. Seremos sempre aprendizes.

Uma coisa guardo de forma extremamente dolorida nesta eleição. Vi muita gente mendigando, pedindo favores, alugando sua honra por um punhado de qualquer coisa, fiquei triste pelos que se humilharam aos políticos por migalhas. Triste por ainda existir políticos eleitos com a miséria do povo. Todo povo tem o governo que merece, disse o filósofo.

Mas a glória da vitória reside no reconhecimento da dignidade dos que perderam. O PSOL fez a política que julgou certa, foi coerente com o seu estatuto e a sua ideologia. 2,08% dos votos significa que estamos muito atrasados no processo civilizatório ou muito distantes do povo, com essa nossa mania de querer reformar o mundo para dar igualdade a todos. O povo quer espetáculo, pão e circo, ídolos de ocasião. Os que nos apoiaram, votaram nulo ou em branco são (somos) uma minoria que pensa contrário ao que o povo quer. Precisamos de mais 500 anos para entendermos a filosofia de uma falsa identidade.

Jovens nas ruas empinando motos como se fossem caubóis de uma terra sem lei, meninas dançando ao som da depreciação de sua própria condição feminina. Muitos tem no bar sua maior alegria, sua letargia, sua sentença de futuro. A escola é ainda muito atrasada. Há professores que torcem por camisas, que representam facções, que determinam a política que vai dirigir a escola, portanto atrasos sobre atraso. A universidade está do outro lado do muro, interferindo pouco na cidade, pouco na política, pouco nos costumes, culturalmente alienada no gueto da excelência e da arte degagé.

Ainda somos, na maioria, cristãos. Um modelo de devoção que não consegue entender os ensinamentos do Nazareno. Amar o próximo, não roubar, não matar etc. Quando vamos às urnas somos anti-cristãos. O padre falou, o pastor falou, mas o pop star da política falou mais alto. Seu poder de convencimento é maior que o da oração. Perdemos a fé para o dinheiro e agora vamos ter que aprender a rezar na cartilha do capital. Estou na luta, desde que optei por uma concepção de mundo em que a poesia, a educação, a arte e a liberdade estejam na ordem do dia. Parabéns aos bravos 2,08% de um povo aprendiz.

Carlos Gildemar Pontes é escritor, professor da UFCG e livre para vestir a camisa da liberdade.

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DIÁRIO DO SERTÃO com assessoria

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