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Saulo Péricles

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As próximas eleições e o comportamento do eleitor

07/10/2025 às 16h23

Manifestantes protestam contra PEC da Blindagem e Projeto de Anistia (Foto: Reprodução/TV Globo)

Por Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira

Caros Leitores. Os últimos acontecimentos que vimos em todo o nosso país nos apontam para uma direção que não pode ser ignorada: o povo tem sim, o direito e até o dever de sair às ruas para protestar, quando vê que seus interesses estão sendo ignorados e deixados como secundários; ou menos que isso, pelos nossos legisladores para em seu lugar votar seus interesses particulares, e fazer-se ouvir. Afinal foram com os votos do povo que os representantes foram eleitos e “supostamente” deveriam atender aos interesses de seus eleitores.

Mas como sempre ocorre, passadas as eleições, os eleitos se consideram detentores de uma espécie de unção divina e ocupam a Câmara Alta mais para se envolver em discussões inócuas e participações de espetáculos circenses. Nada de trabalho construtivo, nem nada que se possa aproveitar ou servir de colaboração para dar governança, ou fazendo uma oposição de ideias. Com o advento da nova mídia, o que muitos fazem é causar uma polêmica para servir de corte para alimentar sua rede social.

Nisso, a extrema direita, desde os tempos do falecido Olavo de Carvalho, tem se destacado e sobrepujado todas as outras correntes de pensamento de nosso país, inclusive a direita responsável. Seu papel, segundo seu inspirador, é criar inimigos (reais ou imaginários) e transformar adversários que devem ser vencidos, em inimigos que devem ser “neutralizados”- termo mais brando para expressar eliminados. Acabando a disputa no campo das ideias em uma “Guerra Cultural”, termo retirado do vernáculo “olavista”. Em que os paladinos do bem devem fazer uma espécie de Cruzada para combater todos esses inimigos de uma sociedade considerada “sadia” para o ideário deles, em que pensar de uma forma diferente seria algo criminoso.

Encontraram num deputado do mais baixo clero, que tinha muito poucas virtudes e imensos defeitos, uma liderança a ser seguida, bem do jeito olavista: poucas ideias, muitos preconceitos e uma folha de antecedentes nada abonador: já tinha tentado e cometido crimes, tinha ligações com os remanescentes dos torturadores da extinta ditadura, pregava abertamente um golpe militar e uma guerra civil, humilhou colegas da Câmara, e ostentava outros atributos nada recomendáveis para presidir uma nação tão complexa e plural como a nossa.

Foram feitas articulações para afastar da disputa seu maior concorrente, impondo-lhe inclusive uma prisão ilegal e esse senhor foi eleito, e protagonizou uma das piores administrações que nosso país já conheceu. Mas de qualquer maneira, se pode dizer que é o maior fenômeno eleitoral dos últimos tempos. Com o auxílio de notícias falsas, e a ajuda das mídias, ainda detém enorme eleitorado, fiel e surdo a qualquer argumento que seja contra ele ou quem o apoia. Quase venceu as eleições de 2022: perdeu apenas por 2% dos votos para uma enorme coligação contra o maior adversário que poderia existir.

Bolsonaro está preso e inelegível, mas o bolsonarismo está vivo, e bem vivo. E domina as mídias tanto as tradicionais como as sociais. As forças progressistas (esquerda, centro, e direita moderada) levam um banho da extrema direita, até por causa de que as chamadas “big-Techs”, estão nas mãos de apoiadores dessa corrente radical que se espalha pelo mundo todo.

E o que sobra para o restante das correntes políticas? Na minha opinião, sair de suas salas de conferências e do conforto de seus escritórios e voltar para as ruas, formar novos quadros e tentar convencer o povo com uma retórica que ele entenda, mostrar o que está sendo feito, o que foi prometido e não foi cumprido e tentar ficar solidário ao povão. A guerra midiática, não nos vão deixar ganhar; eles detêm o controle. Uma fake-news de um deputado “teve” 300.000.000 de visualizações e apenas 700.000 comentários. Um claro exemplo de manipulação de algoritmo. Isso vai se repetir muitas vezes. Um site de esquerda, por exemplo, quando alcança certo número de visualizações, de repente, some da plataforma, entre outros truques. Quem manda nas mídias são seus donos, e elas não são neutras.

Resta aos progressistas as ruas e o convencimento dos que ainda não levaram a famosa “lavagem cerebral”. Enquanto ainda há tempo…


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Saulo Péricles

Saulo Péricles

Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira (Pepe): Engenheiro Mecânico, especializado em engenharia de segurança do trabalho, Advogado, Perito em segurança do Trabalho e Assessoria Jurídica, membro fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras.

Contato: [email protected]

Saulo Péricles

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Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira (Pepe): Engenheiro Mecânico, especializado em engenharia de segurança do trabalho, Advogado, Perito em segurança do Trabalho e Assessoria Jurídica, membro fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras.

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