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Francisco Cartaxo

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Maria Olívia na Praça dos Mártires

27/07/2025 às 17h15

Coluna de Francisco Frassales Cartaxo

Por Francisco Frassales Cartaxo – No dia 30 de abril de 1825, o pelotão estava pronto para o fuzilar patriotas no Campo da Pólvora, em Fortaleza. Naquele dia eram duas as vítimas do governo imperialista, entre vários condenados pela Comissão Militar, criada para sumariamente julgar os implicados na rebeldia, anota o historiador cearense Raimundo Girão, referindo-se aos participantes da Confederação do Equador, um padre e um militar: padre Gonçalo Inácio Loiola de Albuquerque Melo, que substituiu o Melo por Mororó, e assim ficou conhecido, e o coronel João de Andrade Pessoa Anta.

Uma semana depois, em 7 de maio de 1825, quem fica, sozinho, diante do pelotão é o escrivão-deputado eleito, Francisco Miguel Pereira, que também carimbara seu nativismo no próprio nome com a palavra Ibiapina. Ainda em maio, tiveram o mesmo fim, no mesmo local, Azevedo Bolão e Feliciano Carapinima. Muitos outros confederados sofreram severas punições. Degredo no Amazonas, prisão em Fernando de Noronha, como foi o caso do filho de Francisco Miguel Pereira Ibiapina. Portanto, irmão mais velho do Padre Ibiapina, hoje santo do povo e em breve também da Igreja.

Anos mais tarde, os mártires foram homenageados com seus nomes em importantes ruas na capital cearense e o pátio ficou conhecido como Praça dos Mártires!

– Que tem Maria Olívia com isso tudo?

Cerca de 60 anos depois, ali, justo naquele local, o amor penetra no coração de Maria Olívia, a partir de olhares cruzados em encontros furtivos:

no primeiro domingo de maio de 1884, grande parte das internas saiu para a Praça dos Mártires, o local preferido delas, por ser amplo, arborizado e poderem passear à vontade. (…). Mal saltou do transporte, Maria Olívia desabotoou o primeiro botão da blusa e seguiu com as amigas que faziam encenação no coreto, dançavam ao vento e fingiam falar aos namorados, sentados nos bancos ou andando em volta delas. Os pipoqueiros estavam a postos, (…) guardavam os bilhetinhos (…) Sempre havia algo combinado para uma rápida fuga, um toque de mãos ou de lábios”. 

A menina do Rio do Peixe, internada pelo pai num colégio de freiras, fez do amor a arma certeira para libertar sua alma rebelde, usando incríveis estratagemas para realizar o sonho adolescente. Fugiu do casamento patriarcal, em que os pais calculavam seu valor pela soma de patrimônios materiais e políticos. E o amor? Ora, ora, depois se ajeita…

– Comigo não, decidiu consigo mesma Maria Olívia.

Tinha enorme carinho pela mãe e respeito ao pai, o coronel mais famoso da história de Cajazeiras. Nada lhe tira o brilho do olhar nas escapadinhas da vigilância das freirinhas na Praça dos Mártires nem a coragem de tramar e fugir para bem longe! Seguiu tortuosa caminhada de peripécias, mistérios, surpresas armadas pelos autores, Helder Moura e Aíla Sampaio.

A trama se desenvolve com muitas vozes que surgem em tempos diferentes, usando variados recursos literários, numa costura de vaivém de idílios, mistérios, armadilhas, suspenses capazes de seduzir o leitor em apenas 140 páginas.

Maria Olívia será lançado em agosto, nos festejos do aniversário do padre Rolim – a Data Magna de Cajazeiras -, em programação da Academia Cajazeirense de Artes e Letras.

Exuberante, Maria Olívia chega com o frescor de protagonista, na mão uma rosa, vermelha como o sangue dos mártires de 1825, oferecendo pétalas de amor libertário a quem ela escolheu, à revelia do pai, poderoso tenente-coronel da Guarda Nacional.

Sócio da Academia Cajazeirense de Artes e Letras.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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