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José Ronildo

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Retrocesso

25/08/2025 às 20h19

© Valter Campanato/Agência Brasil

Por José Ronildo – Não resta dúvida de que o encerramento de voos em 14 cidades, por parte da Azul, foi um duro golpe na aviação regional e um grande retrocesso neste segmento que estava em expansão, especialmente no Nordeste, aproveitando o fato de que nas últimas décadas, a população de baixa renda e passou a andar de avião.

É bem verdade que em algumas cidades cearenses os voos da Azul Conecta não corresponderam às expectativas, como Iguatu, Crateus, São Benedito e Sobral, que perderam para Cajazeiras e Patos, entretanto, voos em cidades bem maiores e desenvolvidas, como Juazeiro e Mossoró também foram encerrados.

Esses cancelamentos foram anunciados pela empresa no começo do ano, entretanto, de repente surgiu novamente a informação em um site, como se fosse nova e automaticamente reproduzida por vários outros do Nordeste e do País. Na época, a Azul alegava aumento de custos operacionais e do dólar.

O fato é que a Azul Linhas Aéreas criou uma empresa justamente para fazer essa aviação regional, a Azul Conecta, ligando cidades do interior às capitais. No caso das cidades do interior do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, a conexão era Recife. No nosso caso, continua. Nem mesmo recebendo ajuda dos governos estaduais, a empresa manteve essas linhas.

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A Paraíba foi o último Estado a receber uma linha da Azul Conecta, beneficiando Patos e depois, Cajazeiras, após articulações do governador João Azevêdo. Foi uma surpresa, afinal, as lideranças empresariais reivindicavam uma linha Cajazeiras/João Pessoa.

Agora, a Azul praticamente sepultou a aviação regional, por não ser rentável, preferindo os voos diretos, além de voos internacionais.  Outra estratégia da empresa tem sido aumentar o número de voos onde a demanda exige, de forma sazonal, como festas juninas e agora, o verão no litoral nordestino.

Mesmo estando em recuperação judicial, o que se observa é que a decisão não é apenas em função de dificuldades financeiras. A Azul alcançou receita operacional de R$ 4,9 bilhões no período de abril a junho deste ano, o que representa um recorde para um segundo trimestre e um aumento de 18% em relação ao mesmo período do ano passado.

Na contramão de tudo isto, estamos vendo aeroportos recebendo grandes investimentos, apostando nessa aviação regional, e que vão virar elefantes brancos. Segundo informações, o aeroporto de Sobral recebeu investimentos de R$ 70 milhões e o de Mossoró, recebeu ano passado, R$ 30,2 milhões, sendo que até o final de 2026, os investimentos em reforma e ampliação chegarão a quase 80 milhões, incluindo pista e terminal de passageiros, podendo receber aeronaves com até 189 passageiros.

Recentemente causou surpresa uma declaração que teria sido dada pelo governador João Azevêdo em Patos, dizendo que a Azul ia implantar uma linha Cajazeiras/João Pessoa, já tendo inclusive, uma data para iniciar as operações.

Parece que na realidade alguns sites de Patos interpretaram erroneamente uma declaração do governador à TV Diário, quando ele foi questionado a respeito do assunto. Na ocasião, o governador não falou a respeito de nenhuma negociação em curso. Ele disse que uma empresa para criar uma linha aérea precisava saber se teria demanda, ou seja, passageiro.

Recentemente, os governadores do Nordeste falaram em se criar uma empresa aérea estatal para retomar a aviação regional na região, preenchendo essa lacuna, coisa pouco provável de acontecer. Nos últimos anos estamos vendo a desestatização de empresas.

A boa surpresa é que mesmo diante deste cenário, a Azul manteve as linhas de Cajazeiras e Patos para Recife, com conexão para qualquer parte do País e do Mundo. Alguns acham que isso ocorreu em função da boa ocupação. Se não tivesse demanda, certamente também teriam ido pra tesoura.

O presidente da CDL, Alexandre Costa é um dos defensores de uma linha Cajazeiras/João Pessoa e assegura que demanda tem. Difícil para o governador é encontrar uma empresa aérea interessada, diante desse cenário de dificuldades para as empresas se manterem, inclusive, comprando insumos em dólar e vendendo passagens, em real, como bem disse Alexandre Costa.

Fluxo de passageiros a gente sabe que tem. Resta saber se esse pessoal ia deixar de ir de carro próprio ou na Guanabara para ir de avião. Também teria que ver a questão do preço das passagens.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Ronildo

José Ronildo

Redator do Jornal Gazeta, Radialista e apresentador do Microfone Aberto da Rádio Alto Piranhas

Contato: [email protected]

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Redator do Jornal Gazeta, Radialista e apresentador do Microfone Aberto da Rádio Alto Piranhas

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