VÍDEO: No prejuízo há quase dois anos, idoso faz apelo às autoridades de Conceição após rompimento de açude
"Perdemos tudo”, disse seu Francisco, que hoje, com 73 anos, fala com saudades da sua vida na zona rural. O rompimento aconteceu em 11 de janeiro de 2024 e segundo ele, até hoje não tem tido ajuda do poder público para reconstuir sua moradia
O agricultor Francisco de Assis, de 73 anos, residente em Conceição, no Vale do Piancó, concedeu entrevista ao programa Olho Vivo, da TV Diário do Sertão, e fez um apelo emocionado às autoridades municipais. Ele afirma que, quase dois anos após o rompimento do açude que destruiu sua propriedade, no sitio Roçado, zona rural do município, ainda não recebeu qualquer ajuda efetiva para reconstruir o que perdeu.
“Vai completar dois anos, dia 11 de janeiro, que a gente ficou sem nada. Até roupas vestimos de doações da população”, lamentou o agricultor.
Francisco conta que o desastre destruiu completamente o sítio onde vivia. “Perdi o poço, as bombas, a casa… tudo. A geladeira vive jogada lá no pátio, tá lá pra todo mundo ver. O fogão, tudo… perdemos tudo”, relatou.
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Sem condições de reconstruir a moradia, o agricultor disse que chegou a morar em uma casa cedida por um irmão na cidade, mas acabou se mudando para um aluguel social pago pela prefeitura.
“Mas não é isso que nós queremos. Nós queremos o nosso lugarzinho ajeitadinho, com o poço. Nós criávamos nossas galinhazinhas, nossos porcos…”, contou com demonstração de saudade.
O sítio Roçado, onde ocorreu o rompimento do açude, fica localizado a cerca de três quilômetros da zona urbana. Francisco afirma que até hoje, nenhuma providência foi tomada desde o acontecido.
“Até hoje ninguém fala nada, ninguém aparece pra dizer nada. Nem pra tirar os entulhos, não oferece uma máquina. Se você for pedir, não tem máquina pra tirar os entulhos. A gente vive esse drama”, desabafou.
- O rompimento deixou a população em pânico – à época do fato
- Plantações foram destruídas e residências invadidas pela água, e alguns moradores ficaram ilhados
Omissão do poder público – O agricultor recorda que o prefeito esteve no local dois dias após o desastre, e retornou cerca de duas semanas depois acompanhado da Defesa Civil. Desde então, segundo ele, não houve mais contato ou ação da gestão.
“Depois disso, não pisou mais lá, não fala nada com a gente. As vezes que conversei com o secretário, pra pedir uma máquina pra tirar pelo menos os escombros, ele desconversou. Até hoje é por isso que a gente apela pra alguma outra autoridade que possa fazer alguma coisa por nós”, disse.
Milagre – Com saúde fragilizada e dependente de medicamentos, ele e a esposa afirmam que só escaparam com vida por um milagre.
“Eu e minha esposa tomamos remédio pra dormir. Saímos com vida porque Deus é muito bom. Ele deve ter um propósito muito grande pra gente, porque naquele dia não fomos embora pelas águas por um milagre muito grande de Deus”, declarou emocionado.
Francisco reforça que não busca favores, mas um direito: o de reconstruir sua moradia e retomar a vida simples que tinha no sítio.
“A gente fica esperando dias e dias, e o tempo passa… e não volta mais”, concluiu.
Relembre o caso
Com pouco mais de 500 m³ de água acumulada, o reservatório rompeu após as chuvas da noite de uma quinta-feira, 11 de janeiro de 2024. Plantações foram destruídas, residências foram invadidas pela água e alguns moradores ficaram ilhados.
Em matéria publicada no Diário do Sertão na mesma data do acontecido, a Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA) relatou que vinha alertando com frequência a Prefeitura Municipal de Conceição sobre o risco de rompimento da barragem do açude do sítio Roçado. A informação foi passada pelo presidente da agência, Porfírio Loureiro.
À época, Loureiro explicou que a AESA colocou monitoramento no açude a pedido do Ministério Público e sempre avisava à gestão municipal para fazer vistorias e reparos no sangrador, o que nunca aconteceu.
O Diário do Sertão tentou contato com o prefeito de Conceição para falar sobre o caso, mas as ligações não foram atendidas até o fechamento desta matéria. O espaço permanece aberto para esclarecimentos por meio do e-mail: [email protected] .
DIÁRIO DO SERTÃO
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